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Grã-Ordem Afonsina quer 24 de junho como o dia da Fundação de Portugal

Hugo Marcelo
Cultura \ quarta-feira, junho 02, 2021
© Direitos reservados
Associação quer sensibilizar governantes nacionais para o reconhecimento do 24 de junho, data que assinala a batalha de São Mamede, como "o dia da Fundação de Portugal”.

Consagrar o 24 de junho, data da batalha de São Mamede, como feriado nacional e preparar a comemoração dos 900 anos da efeméride são alguns dos objetivos da Grã Ordem Afonsina, que reuniu recentemente com o Presidente da Câmara Municipal de Guimarães e que tem em curso diversas iniciativas com vista à concretização desse objetivo.

Com sede em Guimarães, onde foi travada a Batalha de São Mamede, a associação Grã Ordem Afonsina foi fundada em 2019 e agrupa personalidades dos mais diversos setores da sociedade civil. “A promoção da figura do primeiro rei de Portugal como símbolo identitário de Guimarães, que lhe serviu de berço, como fundador da nação portuguesa e como pedra angular da construção da grande pátria lusófona” é um dos objetivos da Grã Ordem Afonsina, que pretende também promover o “estudo, investigação e divulgação dos variados aspetos históricos da vida e obra” de D. Afonso Henriques.

Depois da reunião com o Presidente da autarquia vimaranense, a Grã Ordem Afonsina pretende agora reunir com o Presidente da República e os Grupos Parlamentares, entre outros, com o propósito de os sensibilizar “para o reconhecimento do dia 24 de junho de 1128 como o dia da Fundação de Portugal” e para “potenciar o envolvimento do maior número de instituições políticas e culturais, locais, regionais, nacionais e dos países de língua oficial portuguesa para a comemoração dos 900 anos dessa efeméride”.

Atualmente, o 24 de junho apenas é comemorado como feriado municipal em Guimarães, onde, em 1128, foi travada a Batalha de São Mamede, na qual Afonso Henriques saiu vitorioso contra os partidários da mãe e assumiu o governo efetivo do território portucalense, sem praticar, a partir de então, qualquer ato de que se pudesse inferir subordinação a seu primo Afonso VII, Rei da Galiza, de Leão e de Castela.

Personalidades como Freitas do Amaral, Veríssimo Serrão, José Mattoso, Baquero Moreno, José Marques, Carlos Motta e Sousa Lara, entre outros, mostraram-se recetivas à pretensão do 24 de junho ser declarado o Dia Um de Portugal, mas, na verdade, tal ainda não se concretizou.

Para evitar a determinação do momento exato em que a autonomia de Portugal se tornou efetiva, a generalidade dos historiadores tem preferido afirmar que a independência de Portugal se formou como resultado de um movimento progressivo, sustentado em cinco datas fundamentais: libertação face à Galiza (Batalha de São Mamede - 24 de junho de 1128), Batalha de Ourique (1140), libertação face a Leão (Tratado de Zamora, 13 de dezembro de 1143) e os reconhecimentos oficiais de Roma (1 de maio de 1144 e 12 de maio de 1179).

A batalha de São Mamede foi, porém, classificada por José Mattoso como "A primeira tarde portuguesa", denominação patente na pintura mural de Acácio Lino, representativa da batalha, que se encontra na Assembleia da República.

“O 24 de junho é o dia em que Portugal faz anos!”, defende Florentino Cardoso, presidente da Grã Ordem Afonsina, lamentando que, “apesar de ser um facto histórico incontestável que a Batalha de São Mamede aconteceu em Guimarães no dia 24 de junho de 1128, a verdade é que este dia ainda não foi oficialmente reconhecido como o dia em que Portugal alcançou a sua independência, tanto no plano histórico, como no plano político”.

Domingos Bragança, Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, recorda que o município tem promovido muito trabalho de sensibilização para a importância da Batalha de São Mamede, o “Dia Um de Portugal”, da “primeira tarde portuguesa”. O autarca considera que Guimarães tem essa importância “ninguém tem dúvidas”. Domingos Bragança também reconheceu ser necessário começar a pensar e a trabalhar nas comemorações dos 900 anos da Batalha de São Mamede.

Florentino Cardoso acrescenta que, faltando menos de sete anos para 2028, ainda não se se sente que os portugueses, nem os governantes do país estejam "conscientes desta realidade histórica".

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