Greve de trabalhadores fecha mais de 30 cantinas escolares em Guimarães
O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte diz que a greve dos trabalhadores das cantinas escolares de Guimarães paralisou pelo menos 32 cantinas do concelho. “Deixaram de ser servidas 4000 refeições”, avança ao Jornal de Guimarães o sindicalista Francisco Figueiredo.
Perto de quatro dezenas de trabalhadores da Uniself que trabalham nas cantinas de Guimarães manifestaram-se em frente a Câmara Municipal de Guimarães empunhando cartazes que chamavam atenção para a necessidade aumentos salariais e o fim do horário parcial.
Os trabalhadores queixam-se de trabalharem há muitos anos sem contratos efetivos e “saltarem” e de serem dispensados em junho – no final do ano letivo – e só serem requisitados em setembro, altura do início das aulas. “Temos sempre menos pessoal a trabalhar do que o necessário, somos exploradas, sentimo-nos exploradas, trabalho há mais de dez anos nisto, já fui cozinheira, sou agora preparadora”, explica Lúcia Silva, que trabalha na Escola Básica de Oliveira do Castelo há seis anos.
Francisco Figueiredo atira que a empresa “mantém contratos de precariedade” com mais de uma centena de trabalhadores e garantiu que caso as reivindicações destes trabalhadores não sejam atendidas haverá novo plenário em setembro. Até lá, haverá reuniões com a Câmara Municipal de Guimarães (CMG) e com a empresa e os trabalhadores ponderam voltar à greve.
“Uma grande vitória para os trabalhadores”
O Sindicato também critica a postura da CMG e acusa o município de “não fiscalizar” e “não cumprir o caderno de encargos”. Para além disso, Francisco Figueiredo diz que houve uma tentativa de facultar uma refeição ligeira – com atum e feijão frade – às crianças, mitigando assim o efeito da greve. Tal não aconteceu: “Foi uma grande vitória para os trabalhadores”.
Em comunicado divulgado na semana passada, o sindicato referia que as condições de trabalho destes profissionais “são precárias”, sublinhando que “há quem trabalhe há mais de 20 anos consecutivos [com contratos] a termo certo”, e outras trabalhadoras que “são contratadas em setembro de um ano e despedidas em julho do ano seguinte”.
“Muitas [funcionárias] trabalham poucas horas diárias, cujo valor que recebem não chega para pagar os transportes, não estão devidamente classificadas, recebem salários baixos, a empresa e a associação patronal recusam negociar melhores salários e a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho, e a Câmara Municipal de Guimarães não fiscaliza o Caderno de Encargos”, lia-se. Um horário completo de 40 horas semanais para os trabalhadores das cantinas de confeção, carga horária mínima de quatro horas diárias e 20 horas semanais para os trabalhadores das cantinas transportadas são outras das reivindicações.