Na rua, comunidade LGBT+ pede abrigos para vítimas de violência doméstica
Envoltas em bandeiras arco-íris ou nas bandeiras rosa, azul e branco que simbolizam a comunidade transgénero, perto de 100 pessoas concentraram-se na Plataforma das Artes e, a partir daí, calcorrearam as ruas graníticas de Guimarães até ao edifício da Câmara Municipal de Guimarães, ponto de chegada de mais uma marcha LGBTQIAP+ Guimarães. Numa tarde de sol e calor, os presentes caminharam ao som de expressões como “nem menos, nem mais, direitos iguais” e leram o seu manifesto político e social em frente ao edifício dos paços do concelho.
De megafone em punho ao longo da marcha, Inês Fontão, uma das organizadoras da iniciativa, realçou que a principal mensagem da marcha é a de defesa dos direitos humanos, algo que deve merecer o apreço de todos. “Muitas pessoas pensam que só as pessoas LGBTQIAP+ podem fazer parte da marcha, mas não. Qualquer pessoa que apoia esta causa pode fazer parte”, refere. Para a ativista, a comunidade LGBTQIAP+ conquistou já “muitos direitos”, mas “ainda há muito caminho pela frente”. Considera, por isso, “importante” sair à rua todos os anos para lutar pela causa.
Para outro dos organizadores da marcha, Diogo Barros, a falta de respostas para os casos de violência doméstica sobre pessoas LGBTQIAP+ é um dos problemas mais prementes. “É vergonhoso que, em 2023, as pessoas vítimas de violência física e verbal em casa não se enquadrem em casos de violência doméstica se forem LGBT. É importante que existam mais abrigos para as pessoas vítimas de violência doméstica, mas esses abrigos para a comunidade LGBT. Temos muitos elementos da comunidade LGBT que são mal tratados pelos pais, espancados ou até expulsos de casa”, realça o porta-voz do movimento Humanamente ao Jornal de Guimarães.
Responsável pelas marchas de Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Santo Tirso, Vizela e coorganizador da marcha de Esposende, o movimento Humanamente está ciente da “realidade de cada um desses concelhos”. Apesar de reconhecer “pequenos passos” da Câmara Municipal de Guimarães para ajudar as pessoas LGBTQIAP+, Diogo Barros crê que é importante começar a haver reuniões com os responsáveis autárquicos. “O que pedimos é que aceitem reunir connosco e nos ouçam, tal como outras câmaras fazem, por exemplo a de Vizela”, indica.
Inês Fontão defende, por seu turno, que a Câmara Municipal deve celebrar o Dia Internacional contra a Homofobia, a Bifobia e a Transfobia, a 17 de maio, e criar um espaço para se debater os problemas da comunidade LGBTQIAP+, ajudando-a.