Médico do HSOG, ligado à UMinho, publica artigo sobre Parkinson
Médico do Hospital Senhora da Oliveira – Guimarães (HSOG) desde abril de 2011 e diretor do seu departamento de neurologia desde fevereiro último, Miguel Gago concluiu que o ferro tanto pode ser “essencial” para a produção de “dopamina endógena”, neurotransmissor responsável por sensações como o prazer, como contribuir para a “neurotoxicidade”, quando “em excesso”, exercendo “muito provavelmente um papel dual” nas pessoas que sofrem de Doença de Parkinson, frisa o médico aos meios da Universidade do Minho, entidade na qual é investigador do Instituto de Ciências da Vida e da Saúde (ICVS).
Esse resultado advém de um estudo - Ensaio de deferiprona na Doença de Parkinson - com 372 doentes do HSOG, do Hospital Universitário Lisboa Norte e do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, publicado na edição de 01 de dezembro do New England Journal of Medicine, revista norte-americana da especialidade.
“Nos futuros ensaios clínicos será importante comportar a história natural lentamente progressiva da Doença de Parkison, através de um desenho metodológico com um período temporal de intervenção mais extenso, seguramente muito superior a apenas 9 meses. Desta forma, será possível destrinçar entre um efeito sintomático imediato dependente da dopamina do potencial efeito neuroprotector providenciado pela deferiprona pela remoção do excesso de ferro”, explica o investigador. A deferiprona é um fármaco utilizado para tratar o excesso de ferro.
No artigo é possível ver que, segundo os resultados do ensaio clínico FAIRPARK-II, que apesar da deferiprona reduzir os níveis de ferro em algumas áreas cerebrais importantes para o controlo do movimento, essa redução foi ineficaz na progressão da Parkinson, sendo também associado a um agravamento sintomático.
Em sentido inverso do FAIRPARK-II, nos anteriores quatro ensaios com deferiprona, onde se tinha hipotetizado um potencial efeito neuroprotetor da deferiprona, todos os participantes estavam a efetuar, juntamente com a deferiprona, fármacos de reposição de dopamina, como a levodopa, um aspeto que segundo Miguel Gago é “seguramente central na explicação destes resultados antagónicos”.