O enxame está aí: “É difícil encontrar uma rua em Guimarães sem vespas”
Já é possível ouvir o zumbido aqui e ali. Ao cruzar a rua sente-se o aumento significativo de vespas – e vespistas – pela cidade de Guimarães. O enxame está a caminho, prevendo-se que sábado seja a concentração principal dos protótipos de duas rodas concebidos pela Piaggio depois da II Guerra Mundial.
A pandemia adiou os planos dois anos, mas desta vez é de vez e de quinta a domingo Guimarães recebe um evento à escala planetária, o European Vespa Days, que apesar do nome reunirá no Pavilhão Multiusos amantes da icónica mota dos quatro cantos do globo. Três mil é o número oficial de inscritos, a logística do multiusos não dá para mais, mas é esperado um número bastante superior.
“Vai ficar uma marca para o futuro na região de Guimarães”, atira Filipe Primitivo, ex-presidente do Vespa Clube de Portugal e um dos envolvidos no processo de candidatura do Vespa Clube de Guimarães e à organização do evento que se realiza pela terceira vez em Portugal.
Segundo Filipe Primitivo este é um “evento feito por amadores, porque isto é um hobby, mas acaba por envolver um grande investimento”. Investimento esse que, por sua vez, “seguramente vai mexer com a cidade”. “A cidade vai beneficiar com isto, tanto agora durante o evento quer depois para o futuro. Prevê-se uma grande afluência de vespitas”, atesta Rui Rodrigues, presidente do Vespa Clube de Guimarães.
Envolvimento das associações e receita para os Bombeiros de Guimarães
No Pavilhão Multiusos a azáfama é grande, como seria de esperar, apesar de os “preparativos estarem muito atrasados”, conforme dá conta Rui Rodrigues. “Há quinze dias que se nota a presença de participantes em Guimarães”, refere também o ex-presidente do Vespa Clube de Portugal. Mas, não só em Guimarães o evento se faz notar. A organização envolve os restantes clubes do Minho e passar por mais concelhos, como Felgueiras, Póvoa de Lanhoso, Barcelos e Braga.
“Teremos, seguramente, 10 mil pessoas. Aqui ainda não temos esse hábito, mas os estrangeiros costumam vir a rolar nas vespas e a família vem de avião passar férias. Temos malta inscrita de 32 países dos quatro continentes. Os de mais longe vêm da Austrália, já partiram há oito dias, carregaram as motas para Barcelona e depois vêm a rolar de Barcelona para cá”, dá conta Filipe Primitivo.
A ideia da organização passa por “envolver associações locais”, pelo que parte da receita proveniente da receita no recinto reverterá a favor dos Bombeiros de Guimarães. Por outro lado, a Cercigui ajudará também na animação, sendo uma das dezassete associações envolvidas.
Impacto direto de 1 milhão de euros em Guimarães
No Algarve já há vespistas americanos que resolveram passar férias a sul, estando neste momento em trânsito rumo a Guimarães, com várias paragens pelo caminho. Com 90 por cento de estrangeiros como inscritos, o evento terá um impacto económico considerável.
“Diretamente, através de catering e outras coisas que comprámos, envolvidas com a logística do evento – temos um jantar para 2500 pessoas no sábado à noite, por exemplo – já pagámos meio milhão de euros. Não contabilizámos a parte de hotelaria por parte dos participantes, mas, pela análise que fizemos com o Turismo do Porto e Norte, este evento terá um impacto superior a um milhão de euros em Guimarães”, explica Filipe Primitivo.
O ponto alto da concentração de vespas, que tem a duração e quatro dias, está agendado para sábado, com o passeio das três mil motas inscritas – mais os que entrarão na caravana sem estar inscritos – e “será um desafio encontrar uma rua de Guimarães sem vespas”. Os dados estão lançados, fica também o “apelo à compreensão da população”; “Um evento destes cria sempre algum desconforto, com a presença de tantas motas na cidade, mas é uma boa razão”, remate Filipe Primitivo.
A ignição só se liga oficialmente quinta-feira, mas Rui Rodrigues transmite que “já se nota esse grande movimento por Guimarães: ainda ontem falei com alemães, belgas, polacos e australianos”. “Vai ser um grande evento”, conclui.