Protocolado e no terreno, centro de envelhecimento ativo forma para cuidar
À hora em que o polo do Centro de Competências de Envelhecimento Ativo (CCEA) para o distrito de Braga estava a ser inaugurado, já quatro ações de formação tinham sido cumpridas em lares ou outras instituições para pessoas idosas (ERPI), abrangendo cerca de 160 pessoas. “As equipas já estão no terreno. Encurtámos os ciclos do nosso plano. Precisamos de ação. Somos o segundo país mais envelhecido da Europa, atrás da Itália, e caminhamos para ser o mais envelhecido”, frisou o diretor do CCEA, Nuno Marques.
O responsável pelo organismo sediado em Loulé, no Algarve, proferiu essas declarações logo após a assinatura do protocolo para a instalação do polo distrital, ato decorrido no Salão Nobre da Câmara Municipal de Guimarães, a preceder a inauguração formal do espaço, instalado numa sala de 100 metros quadrados no edifício da Loja Oficina, na rua da Rainha, esta quarta‐feira à tarde.
Com um plano de ação que privilegia a formação de trabalhadores e cuidadores que interagem com as pessoas mais idosas , o CCEA tem em curso uma ação descentralizada para adaptar as suas medidas às necessidades específicas de cada região. Para ilustrar as diferenças consoante as latitudes, Nuno Marques afirmou que um dos principais problemas que assola os idosos do Baixo Alentejo é a falta de transportes para as consultas médicas, que induzem casos como o de pagar 400 euros de táxi para se aceder a uma consulta. Os problemas de Guimarães e do distrito de Braga são outros. Um dos objetivos do CCEA é angariar conhecimento nos diferentes polos para o partilhar em encontros periódicos de municípios, acrescentou.
Com a enfermeira Sara Ferreira e a psicóloga Vânia Campos a trabalharem a tempo inteiro, o CCEA de Guimarães vai realizar muita da formação com deslocações às instituições. O primeiro alvo dessas formações são os auxiliares das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) sem formação para o efeito, seguindo‐se os cuidadores informais.
Nuno Marques enalteceu ainda a força do “terceiro setor” em Portugal, o único país com um organismo da finalidade do CCEA na Europa. O Estado luso está, aliás, envolvido na elaboração de um plano mundial para o envelhecimento com chancela da Organização das Nações Unidas, que se prevê que entre em vigor em 2027. Um dos compromissos europeus para o envelhecimento é o de que 60% das pessoas a trabalhar nesse setor tenha a devida formação.
Pede‐se resposta institucional cada vez mais forte aos mais velhos
Antes da assinatura do protocolo, a vereadora municipal para a ação social realçou que o trabalho de Guimarães para o envelhecimento ativo, desenvolvido “há muitos anos” através da sua Rede Social, justifica a instalação do polo distrital do CCEA na cidade, e defendeu que a prioridade de quem trabalha no setor é a de contribuir para que as pessoas mais velhas possam ter “um entardecer da vida digno, saudável, feliz”. “Viver mais anos não equivale a viver mais e melhores anos. Esta geração merece tudo. Queremos que os mais velhos sejam felizes na idade que estão a atravessar”, realçou Paula Oliveira.
O presidente da Câmara realçou, por seu turno, o investimento anual de sensivelmente três milhões de euros no setor social e defendeu a crescente aposta no setor domiciliário, para garantir que as pessoas mais velhas mantêm o conforto do seu lar sem se submeterem ao isolamento e à perda de qualidade de vida. Para Domingos Bragança, essa crescente resposta pode também libertar o tempo dos mais jovens para planearem uma vida que envolva filhos.
“Se as instituições ajudarem, se tivermos um bom apoio ao envelhecimento ativo, os mais jovens vão perceber que podem ter filhos, que não têm de se privar dos seus planos por cuidarem dos pais e dos avós, algo natural pelo amor e o afeto que os une, e que podem ter condições para construir uma família”, frisou.