Trabalhadores da Coelima voltam aos plenários
Depois de o terem feito há cerca de um mês, na sequência do anúncio do pedido de insolvência pela administração da Coelima, os trabalhadores da quase centenária têxtil voltam nesta segunda-feira aos plenários; o motivo, esclarece um comunicado do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, é a “não apresentação de um plano de insolvência que previa a continuidade da empresa”, conforme se tinha comprometera a administração formada Pedro de Tovar de Magalhães e Meneses Ferros, Dino Barbosa e Sérgio Maia. Sem plano, a empresa está agora a cargo do administrador da insolvência nomeado pelo Juízo do Comércio de Guimarães, Pedro Pidwell.
Os trabalhadores – são, no total, 253 - podem-se reunir junto à portaria principal entre as 13h30 e as 15h00 para “discutir e analisar a situação em que a empresa se encontra neste preciso momento” e as “medidas a tomar para a defesa da continuidade da empresa e de todos os postos de trabalho”. As reuniões vão contar com a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.
Fundada em 1922, a Coelima corre o risco de fechar, depois de se ter sido um têxtil de referência na segunda metade do século XX, com um pico de quase 3.500 trabalhadores no início da década de 80. Com a crise que eclodiu em 1991, a empresa deixou de pertencer à família Coelho Lima, que a fundou, e passou para as mãos de uma sociedade de capital de risco, a Norpedip. Em 2011, foi integrada no grupo MoreTextile, cujo principal acionista é o fundo de recuperação gerido pela empresa de capital de risco ECS, com participação do Estado português.
Consórcio vimaranense quer manter têxtil a funcionar
Há uma proposta de aquisição da Coelima para a manter a funcionar como indústria têxtil que já deu entrada no Juízo do Comércio de Guimarães, na sexta-feira. Os seus autores são a RTL, empresa têxtil sediada em Pencelo e detida pelo empresário vimaranense Alfredo Jorge Teixeira, e a José Fontão, sediada em Pevidém. A proposta refere que as duas empresas “celebraram um consórcio entre si com o escopo de prosseguir conjuntamente a atividade económica da sociedade insolvente”.
O consórcio pediu ao tribunal um prazo de 30 dias para a elaboração de um plano de negócios e disponibilizou-se a adiantar o montante de 200 mil euros, que, segundo o conselho de administração da Coelima, é necessário para manter a empresa em funcionamento em junho. A proposta refere que o montante deve “ser devolvido aos proponentes” caso se “verifique a inviabilidade da presente proposta”.
O consórcio pretende adquirir “todo o ativo” da Coelima – cerca de 31,1 milhões de euros -, que encerra, no fundo, “todos os seus bens corpóreos e incorpóreos”, manter todos os postos de trabalho e assumir “os direitos e antiguidades dos trabalhadores”, com a “ressalva de que a manutenção dos postos de trabalho dos cargos de direção fica sujeita à condição de uma avaliação prévia das suas competências para o exercício das referidas funções”.
A proposta exige ainda a “preservação da carteira de clientes da insolvente”, a “manutenção da equipa do departamento comercial da insolvente”, nomeadamente o chefe de vendas, Paulo Almeida, e os assistentes, e a apresentação imediata pela insolvente da “previsão de necessidades de fundo de maneio para os próximos quatro meses”, da “carteira de clientes completa e detalhada dos últimos quatro anos”, bem como a “referência à quantidade de encomendas que foram recebidas e não executadas”.
O consórcio pede também a lista dos principais fornecedores e a lista dos trabalhadores, com dados como idade, data de admissão, categoria profissional e vencimento base. O consórcio conclui a proposta com a promessa de que o “fim único” é o de “manter viva a empresa e a marca Coelima”, empresa “centenária, histórica e que alberga mais de 250 famílias através dos seus trabalhadores”.