Vem aí um L’Agosto eletrónico, de patas em Portugal e antenas no mundo
O palco em forma de crustáceo que ocupa o jardim do Museu Alberto Sampaio a cada agosto está quase pronto para três dias de eletricidade, som, vida, após dois anos em que a tensão das suas antenas e patas baixou a pique – bateu no zero em 2020, com o cancelamento, e recuperou alguma energia no ano passado, para um evento ainda muito condicionado pela pandemia de covid-19.
A quinta edição do L’Agosto estende-se de quinta-feira até sábado, e o primeiro dia encapsula o posicionamento deste festival com chancela Elephante Musik e Estúdio Lobo Mau: a aliança entre as certezas do rock alternativo português, de que são exemplo os First Breath After Coma, e a busca por novos horizontes, artísticos e geográficos.
O coletivo de Leiria atua a partir das 23h00, entre a performance de Angélica Salvi, artista espanhola residente no Porto que funde a harpa, seu instrumento de sempre, e a eletrónica que é um dos fios condutores deste festival. É precisamente nesse reino sonoro aberto a múltiplos timbres que o primeiro dia encerra, com Christian Löffler; há mais de uma década no meio, o músico germânico que se projetou definitivamente em 2012, com o lançamento de A Forest.
“É um dos maiores nomes da música contemporânea. Tem cerca de seis milhões de audições no Spotify por mês. Tem milhões de visualizações no YouTube. É um tubarão que felizmente conseguimos caçar”, realça José Manuel Gomes, um dos programadores, acerca de um músico que já transformou registos de músicos como Bach, Chopin e Erik Satie.
Esse fluxo eletrónico mantém-se vivo até ao começo do segundo dia, às 22h00, com Chouk Bwa & the Angströmers; o responsável vê na aliança entre o voodoo dos músicos haitianos (Chouk Bwa) e a eletrónica do duo inglês (the Angströmers) potencial para a “maior surpresa do festival”. “O voodoo do Haiti é uma espécie de celebração fúnebre, mas festiva, à base da percussão e do canto. Atrás estará a dupla que irá modelar os sons produzidos pelos Chouk Bwa”, prossegue José Manuel Gomes, em declarações ao Jornal de Guimarães.
O L’Agosto reentra depois em paisagens familiares, com Conjunto Corona, coletivo do Porto que lançou G de Gandim em novembro de 2021, e Xinobi, ainda na sexta-feira, e o dia de encerramento, para o qual a organização estabelece uma analogia com um baralho de cartas. “Se isto é um baralho de cartas, o Bizarra Locomotiva é o nosso joker, e os Zen são o nosso às. É um nome que deveríamos trazer para encerrar o festival. É uma banda de culto do Porto, dos anos 90”, acrescenta.
O sábado encerra com Bons Rapazes – Álvaro Costa e Miguel Quintão transpõem para o jardim do Museu Alberto Sampaio os DJ set que passam na Antena 3 -, havendo ainda tempo para as pessoas ouvirem mais música no Convívio, associação parceira do evento, para lá das 01h00.