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Nélson acreditou no pé direito e o estádio banhou-se na sua Luz

Tiago Mendes Dias
Desporto \ sábado, agosto 19, 2023
© Direitos reservados
Num dia cinzento, o golo de Roko Baturina adensou as nuvens sobre o D. Afonso Henriques, mas o Vitória lançou-se para o ataque, igualou e foi depois irradiado pelo pontapé do extremo angolano.

O repentino extravasar de emoção por Nélson da Luz sugere que o extremo angolano esperava há muito por um momento assim; já os vivera antes, quando marcara o golo do triunfo sobre o Sporting de Braga no dérbi de 2021/22 em Guimarães; e sentiu na pele o reverso da medalha quando desperdiçou uma oportunidade que poderia valer o 3-0 sobre o rival minhoto e selar a passagem na Taça de Portugal em janeiro último; nessa noite de 11 de janeiro, o Vitória sofreria a reviravolta em cinco minutos e cairia perante os arsenalistas no Municipal de Braga.

Foi ao minuto 82 que Nélson da Luz acreditou, ganhou balanço, rematou e gritou para o céu; saído do banco para dinamizar a reação vitoriana em curso na última meia hora, logo depois o canto direto de Tiago Silva que ditou o empate, o ala de 25 anos fletiu do corredor central para a direita e desferiu um remate cruzado pleno de convicção que só parou na malha lateral interior da baliza à guarda de Andrew. Nélson rebentou em festejos, a equipa acompanhou-o e a larga maioria dos 15.127 espetadores no Estádio D. Afonso Henriques idem. Estava selado o golo que daria um sofrido triunfo perante o Gil Vicente, por 2-1, apesar dos calafrios sentidos na área vimaranense durante o período de compensação.

O triunfo premiou a subida de rendimento verificada após a entrada de João Mendes, aos 58 minutos, materializada em dois golos, depois de uma entrada adormecida na segunda parte. Foi precisamente nesse período que a formação de Vítor Campelos inaugurou o marcador, com a recarga certeira de Roko Baturina a dar sequência ao contra-ataque protagonizado por Fujimoto e por Maxime Dominguez, elemento em evidência nos barcelenses. O golo sofrido contrastou com a tendência apresentada na primeira parte, de supremacia territorial vitoriana.

O primeiro onze à responsabilidade de João Aroso seguiu os princípios apresentados por Moreno neste início de época: o Vitória apareceu disposto em 3x5x2, com Tomás Händel a regressar de castigo para substituir Zé Carlos no miolo. Mas os principais destaques da equipa foram Bruno Gaspar, dinâmico na ala direita, e Tiago Silva sempre ligado à construção do jogo ofensivo. Faltaram contudo mais jogadores e melhor definição na frente para deixar a baliza gilista sob perigo constante. Os vitorianos privilegiaram a circulação pausada da bola, de um flanco para o outro em busca do cruzamento ou do espaço para rematar, algo que conseguiu numa mão cheia de ocasiões ao longo da primeira parte.

Tomás Händel tentou o primeiro remate do jogo, aos 36 segundos, e André Silva acertou na malha lateral exterior aos sete, antes de Bruno Gaspar atirar mesmo para o fundo das redes no minuto seguinte, num lance anulado face à posição irregular de Jota Silva. O ascendente continuou preto e branco até à meia hora de jogo, com Afonso Freitas a acertar na malha lateral exterior, aos 18 minutos, Tiago Silva a ver um remate de potencial perigo intercetado por um adversário, aos 25, e a turma de Barcelos a criar, bem antes, a ocasião mais perigosa até ao intervalo.

Jorge Fernandes acreditou que Bruno Varela tinha o lance controlado e ia agarrar a bola, mas o extremo esquerdo gilista, Marlon Douglas, chegou lá primeiro, e rematou contra o peito do guardião vitoriano. Na recarga, Fujimoto atirou para a baliza, mas Mikel Villanueva negou-lhe o golo.

Os chuviscos transformaram-se em chuva torrencial ao minuto 29, com os adeptos nos setores inferiores das bancadas em busca de patamares abrigados; nessa fase, os galos ergueram um pouco o volume do seu canto e a contenda prosseguiu equilibrada até ao intervalo, a um ritmo mais lento. Nesse quarto de hora, o Vitória continuou com mais olhos na baliza e ameaçou a baliza de Andrew num remate de Afonso Freitas, a rasar o poste esquerdo, e num cabeceamento de Manu Silva por cima.

Os vitorianos pareceram algo adormecidos após o regresso dos balneários, marcado por sucessivas paragens e pelo golo gilista, mas o conjunto vitoriano teve ânimo para virar as operações a seu favor.

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