Afinar o tom...
E a civilização envelhece… a todos os níveis!
Desde o nascimento, é-nos ensinado o que é certo e o que é errado e, a partir disso, reproduzimos os valores determinados pela sociedade. O bem, o mal, são valores transferidos e transmitidos às crianças na infância, durante o período de socialização primária e secundária. “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”, sintetiza um provérbio africano.
É, pois, bastante complicado fazer um adulto aprender novos valores. Uma sociedade com uma boa estrutura de valor torna as pessoas capazes de se relacionarem melhor, com base na partilha dos mesmos valores básicos, fundamentais na formação de universos de pensamentos e de ações. É fácil imaginar em que situação o mundo se encontraria atualmente, caso o Homem ignorasse as leis formuladas a partir dos conceitos de ética e moralidade.
Os valores ajudam as pessoas a crescer e a desenvolver-se. Ajudam a criar o futuro que os cidadãos querem experimentar. A verdade, porém, é que a civilização está a ficar envelhecida. E quando isso acontece fica desumana! Sem princípios, nem valores. Vivem-se invernos éticos e conhece-se uma orfandade de padrões morais. Logo, as pessoas, sobretudo as que ainda acreditam nos valores e na sua validade, tornam-se descrentes.
A história do mundo descreve a história da humanidade. Por essa razão, costumamos dizer que a História, por vezes, repete-se. Basta olhar à nossa volta e, neste processo de rotação e translação, constatamos que, afinal, o mundo é (mesmo) redondo! E que, na verdade, dá muitas voltas…
Há 40 anos, na década 80, o visionário músico António Variações, sem viver os tempos de hoje, já projetava este cenário ao escrever um tema (inédito), agora recentemente conhecido (e popularizado) na voz de Marisa Liz:
“Já esqueceram o cantar e o sorriso
Já não são homens de boa vontade
A loucura está a vencer o juízo
O ódio, a amizade
Estão-se a despir de toda a humanidade
O tratado de paz foi rasgado
Já começam a fazer ameaças
O poder já está descontrolado
Estão-se a embriagar
De bombas
E os dedos já querem apertar”
Estes são apenas dois versos. Os restantes também têm… valor! Foram escritos há quatro décadas, mas estão muito atuais neste 1º de outubro, Dia Mundial da Música.