Braga por um canudo!
Braga tem um brilhante Presidente da Câmara. Ricardo Rio é talvez dos mais promissores políticos portugueses nacionais na medida em que conseguiu – com uma dimensão ética elevada e indiscutível – colocar o concelho que lidera num patamar de excelência. Sem alarido, nem protagonismos vãos, quando aparece é para mostrar obra e assertividade na defesa dos interesses dos portugueses em geral e dos bracarenses e da sua cidade em particular. Um belo exemplo do que deve ser a política.
Mas falemos de Guimarães. Temos uma história que fala por si, um povo resistente e trabalhador que dá cartas em vários setores de atividade. Desde a cultura, à indústria e passando pelo desporto os níveis de excelência estão à vista de todos e podem ser exemplificados diariamente, pelo que poupo o distinto leitor.
Contudo, Guimarães está a perder a “centralidade espiritual” – consequentemente económica, política e com elas as restantes – que sempre possuiu no contexto regional e nacional. São vários os exemplos de secundarização do município que carrega a simbologia identitária da fundação da Pátria. As verbas comunitárias do PRR e a ligação ferroviária são dos mais recentes e gritantes casos. Acrescento mais um que – sendo mais do que simbólico – nos liga ao introito deste artigo. A realização do Conselho de Ministros efetuada no distrito. Cidade escolhida? Braga. Bem se percebe e sem necessidade entrar em rivalidades “bacocas” fruto do que acima disse sobre quem lidera Braga. Mas esperava-se mais de Guimarães, não só pelas obras paradas que precisam de despacho governamental, mas também para o futuro. O nosso município, gerido por socialistas desde o século passado, tem um Governo da República da sua cor política. E isso significa o quê? Nada! A influência e peso político dos protagonistas socialistas locais é nenhuma, infelizmente para Guimarães. Nem quando a exigente comunidade local supera o espírito de iniciativa política municipal – como o caso dos equipamentos do centro de hemodinâmica do Hospital Senhora da Oliveira que demorou cinco anos para entrar em funcionamento por falta de um despacho ministerial de um “governo rosa” - temos quem acompanhe do lado político.
Não que fosse determinante para o futuro local a realização em Guimarães de um Conselho de Ministros de um governo envolto em polémicas e casos que desrespeita professores e profissionais de vários setores para atender ao “status quo”. Mas revelaria que, pelo menos, os socialistas locais estariam bem colocados entre as elites que governam Portugal. Não é o caso.
As próximas autárquicas – também porque, certamente, haverá mudanças no contexto político nacional – são determinantes para o futuro de Guimarães. Os vimaranenses terão de escolher entre um poder cansado, não renovado, que nem os seus influencia – como os cristalinos exemplos que dei – e uma geração que maturou vinte anos entre a política e o trabalho privado, conhecedora da vida real das pessoas e que está próxima de quem tomará decisões estruturantes para Portugal.
Veremos, se reagimos ou se continuaremos a ver Braga por um canudo!