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Caça-Fantasmas

Orlando Coutinho
Opinião \ sábado, fevereiro 04, 2023
© Direitos reservados
A tensão e conflitualidade no PS, percetível a quem acompanha mais de perto os temas locais, passa-se em quase todas as áreas da governação municipal. Guimarães para, para o PS guerrear!

A personalidade mais marcante da cultura vimaranense na segunda metade do século XX foi – quase sem contestação – Joaquim dos Santos Simões a quem a cidade, justamente, se empenhou para perpetuar o nome na conhecida Secundária da Veiga.

Há contudo um personagem que marca Guimarães e a região no teatro dos anos 90 até ao dealbar do século XXI e que recentemente nos deixou: Moncho Rodríguez. 

Primeiro na então ODIT – Oficina de Dramaturgia e Interpretação Teatral - que daria origem à Cooperativa Oficina, o encenador, conduziu o processo artístico que reuniu centenas de intérpretes para “A Grande Serpente”, peça estreada em 1994, na antiga fábrica de curtumes Âncora – hoje o centro Ciência Viva.

Quem, como eu, era adolescente à época do “Moncho”, sentiu o rasgar de mentes na interpretação artística que polvilhava em todos aqueles que queriam ser atores e atrizes, sendo que havia exposição a sério e um sonho que acalentava toda uma geração. Pode até dizer-se, sem hiperbolizar, que Moncho – que calcorreou Portugal, Espanha e Brasil – autor e encenador de variadíssimas peças de dramaturgos como Luigi Pirandello e tantos outros, foi um dos semeadores do “mosto cultural” que haveria de acomodar a CEC 2012.

Foi, por isso, com grande alegria que vi o seu regresso a Guimarães em 2022 para a reedição da “Grande Serpente” e junto ao fim do ano da encenação de “Os Gigantes da Montanha”.

O FreePass Guimarães enquanto espaço digital de informação e divulgação da cultura vimaranense, haveria de distinguir  encenador num dos prémios que anualmente atribui por escolha do público. Normal, até porque os espetáculos de 2022 tiveram lotação esgotada e um entusiasmo redobrado do público num Moncho já em dificuldades de saúde, mas com o vigor anímico de sempre em simbiose com uma cidade que marcou e o marcou.

E é, justamente aqui, que entra a política local e os “caça-fantasmas”!  

Há, a exemplo de outras matérias da governação municipal, o clima da “noite das facas longas” na cultura local que vem de dentro PS de Guimarães.

Além de não constar que o regresso de Moncho Rodriguez a Guimarães tenha tido qualquer valor atribuído pelo “Impacta” um fundo de apoio e Investimento Municipal em Projetos e Atividades Culturais, Territoriais e Artísticas, não se viu a Vereação da Cultura nas peças reeditadas por Moncho Rodriguez. Porquê? Porque um “fantasma” da Comissão Política incumbente do PS – ligado à Associação Artística Vimaranense, que acabou por patrocinar as reedições artísticas do encenador – parece “impactar” mais que o “Impacta”. E o facto da vereação – pelos meios oficiais – lamentar muito a perda do encenador e destacar a importância do mesmo sem que lhe tivesse concedido um tostão para tão dispendiosa e reconhecida – pelo público - obra é, tão só, um corrente expediente de hipocrisia no exercício da atividade política…

Esta tensão e conflitualidade no PS, de que este é só mais um exemplo, percetível a quem acompanha mais de perto os temas locais e o consegue ver, passa-se em quase todas as áreas da governação municipal. Guimarães pára para o PS guerrear! 

Que haja quem olhe para isto compassivamente, aceito…

Aceitem, também, que não me cale!

Quanto aos vimaranenses? Veremos.  

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