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Mais um ano perdido

Eduardo Fontão
Opinião \ quarta-feira, janeiro 18, 2023
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Verificou-se no mês de novembro [em Guimarães] um número anormal de encerramento de empresas. Encerraram 121 apenas num mês contra um total acumulado de 119 encerramentos nos primeiros dez meses do ano

Em primeiro lugar, deixava aqui os meus desejos de um ótimo 2023, pleno de realizações pessoais e profissionais, e sobretudo com muito saúde, a todos e em especial aos leitores do Jornal de Guimarães.

Deixei propositadamente de lado as realizações de cariz financeiro, porque nesse campo específico, com toda a sinceridade, não antevejo grandes vitórias.

Não se vê um fim no horizonte para a guerra na Ucrânia, um dos grandes motivos (principalmente pela pressão ao nível do preço da energia e dos bens alimentares), para a inflação continuar a não dar tréguas.

E não estando a inflação controlada, as taxas de juros irão continuar a subir. Todas as declarações dos responsáveis pela política monetária da zona euro vão nesse sentido. E com elas a prestação do crédito à habitação de milhões de Portugueses. Ainda assim, não se vislumbra, na minha opinião, a curto prazo, uma crise de grandes dimensões no nosso país.

As previsões de praticamente todas as instituições nacionais e internacionais apontam para um crescimento (ainda que “poucochinho”) da nossa economia (o Banco de Portugal prevê um crescimento para a economia portuguesa de 1,5%, tendo quer a Comissão Europeia quer o FMI previsões de crescimentos mais modestas, de 0,7%), e vivemos uma situação de praticamente pleno emprego, o que não faz crer que a maioria dos agregados familiares reduza drasticamente os seus níveis de consumo ou deixe de cumprir com as suas responsabilidades durante o ano de 2023. Os apoios pontuais do governo, as poupanças acumuladas durante a pandemia e as injeções do PRR dão ainda garantias adicionais de que, em 2023, não irão ocorrer diminuições relevantes nos níveis de consumo e de bem-estar das famílias.

E mais do que tudo, os portugueses habituaram-se a esta mediocridade. Ao “poucochinho” que António Costa tanto criticou em António José Seguro. Esta é sem dúvida a marca que o Primeiro-Ministro deixa nestes sete anos em que tem governado o país: conseguiu baixar de tal forma as expetativas dos Portugueses, que se calhar crescermos 0,7% até nem é mau. Nem que sejamos ultrapassados por todas as economias do leste europeu e que, provavelmente no fim desta legislatura, sejamos o país mais pobre da zona Euro. Porque ainda assim, podia ser pior. E, ainda “temos praia e sol, jogadores de futebol, temos Fátima e fado”, neste “jardim à beira-mar plantado”.

Já as perspetivas para o concelho de Guimarães parecem ser bem mais negras: verificou-se no mês de novembro um número anormal de encerramento de empresas. Encerraram 121 apenas num mês contra um total acumulado de 119 encerramentos nos primeiros dez meses do ano. O setor mais afetado pelos encerramentos é o sector do comércio, ao que não serão alheias as sucessivas aberturas de novas grandes superfícies comerciais.

O que, aliado ao facto do nosso tecido económico ser muito dependente da indústria têxtil, que para além de ser dos setores onde a fatura energética tem mais peso na estrutura de custos, é dos que tem a sua competitividade mais suportada em baixos salários (o aumento do salário mínimo nacional de 8% pode precipitar a deslocalização já em curso da produção para países com custo de mão-de-obra mais competitiva), também não faz prever que o ano de 2023 nos traga grandes conquistas.

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