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Missão Impossível

José Cunha
Ambiente \ sexta-feira, maio 20, 2022
© Direitos reservados
A neutralidade carbónica em Guimarães até 2030 é certamente uma missão impossível, mas não a encaro como um fracasso. Tem formidável potencial que será aproveitado pela comunidade vimaranense.

Habitualmente escrevo estas crónicas motivado pela indignação causada por hipocrisias e apatias relacionadas com questões do ambiente. Essa revolta é quase sempre despoletada por uma qualquer notícia ou declaração que provoca em mim uma tamanha urticária, que só é aliviada com a frontalidade cáustica ou com a crítica sarcástica a que recorro com regularidade nos meus textos. No entanto, há momentos em que a nossa energia está focada em coisas boas, andamos mais alheados das notícias, e queremos ser positivos. É assim que me sinto, pelo que não tendo essa habitual comichão vou prescindir do unguento prescrito, e vou até ser esperançoso nesta partilha de reflexões sobre uma Missão Impossível.

No âmbito do Horizonte Europa - programa-quadro da União Europeia para a Investigação e Inovação - foram identificados cinco grandes desafios prioritários que serão abordados num novo formato muito focado em objetivos concretos e na obtenção de soluções, denominado de Missões Europa. A mitigação e adaptação às alterações climáticas é um desses desafios e tem como missão correspondente "100 cidades inteligentes e carbono-neutras até 2030”.

Para esta missão foram selecionadas 100 cidades que vão servir como laboratórios de experimentação e inovação na procura de soluções que possam ser replicadas pelas restantes cidades europeias. Guimarães foi uma das três cidades portuguesas eleitas, o que se revela uma excelente notícia, da qual todos devemos estar orgulhosos, mas sobretudo, cientes da enorme oportunidade e responsabilidade para com as futuras gerações.

A missão é coordenada por uma plataforma europeia que prestará apoio técnico, regulatório e financeiro às cidades, que devem elaborar um Contrato Climático ajustado à realidade local num processo multinível e cocriativo, identificando fragilidades e prioridades para a estratégia de transição que lhes permita atingir a neutralidade carbónica até 2030. O contrato deve abranger diversos setores como a mobilidade, edifícios, resíduos ou planeamento urbano, e deve envolver os cidadãos, os centros de investigação e o setor privado. Esta abrangência, e este envolvimento, irão potenciar uma visão integrada das políticas sectoriais e fomentar processos participativos, que são dois atributos tidos como fulcrais na gestão urbana.

A neutralidade carbónica em Guimarães até 2030 é certamente uma missão impossível, mas não a encaro como um fracasso, pois a verdadeira e importante missão, a que deve merecer todo o nosso foco e o nosso esforço, será a consciência coletiva da urgente necessidade de união para a mudança. E é nesse sentido que este projeto ou missão tem um enorme e formidável potencial, que estou certo, será aproveitado pela comunidade Vimaranense.

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