O Triunfo dos Porcos
A literatura oferece-nos um imaginário que os próprios autores jamais pensariam tão realisticamente bem representado.
Seria o caso de Orwell – na obra que dá título a esta crónica – e o paralelismo na instalação da distópica “Assembleia Nacional”.
O “Major” – que em bom tempo o CDS descarregou - Pacheco Amorim, sonhou! E pela “Garganta” de Pedro Pinto cumpriu-se a “revolução”: transformou-se a “Casa do Povo” na “Quinta da Granja”.
Ainda as urnas não haviam fechado e já o novo “Napoleão”, Ventura, tinha colocado no “Insta” – mais moderno que os decretos governamentais em tweet produzidos, “illo tempore”, pelo “bola de neve” americano – que o Sr. Jones, de cognome “Santos Silva” seria deportado em definitivo para a Feira dos 27!
A AD – que ficou a saber que na Quinta não se usa fraque – pensou no óbvio: informar os partidos, pelo próprio candidato, dando solenidade ao ato, da sua propositura. Esperou, “comme il faut”, as indicações dos congéneres que, naturalmente, seriam ratificadas. Isto é um acordo? Claro, de cavalheiros, como se diz na gíria.
Mas nesta Quinta a regra é a da estrebaria.
Os saudosos de leste, anunciam o Komintern do “bota abaixo”, proclamando o derrube do que ainda não se ergueu.
Os “crentes, patriotas da família”, entoando o “Beasts of England”, anunciam o dote! Noivado prontamente negado pela extrapolação hiperbólica de uma deferência.
Chega! Disseram todos eles! Uns propondo quem por certo não passaria, outros, arvorando-se em “amante rejeitada” porque afinal, num “telefonema o que conta é a intensão”.
A “estória de faca e alguidar” que o auto-enjeitado quis narrar sem sucesso, aliás, traduziu-se no seguinte:
1.º Numa legislatura de 4 anos (onde a direita é maioritária, dizem eles), 2 deles serão entregues a socialistas quando o seu voto seria suficiente para o impedir.
2.º Na prática, os “tachos” deles ficaram garantidos como se tivessem votado em Aguiar Branco à primeira: um Vice-presidente e um membro no Conselho de Administração da “Quinta”. É vê-los na jogatana com “Frederick e Pilkington” tornando-se tão eretos quanto os outros.
3.º Não é mesmo não! E se mais não fosse, este exemplo serviu para desmascarar quem se diz de direita e dá poder à esquerda com votos suficientes para o impedir.
Conclusão: os partidos moderados tiveram um aviso claro; têm de governar bem. Dividir melhor a riqueza gerada; se salvam Bancos, têm que salvar 2 milhões de pobres. Têm que (re)construir o contrato social e uma classe média que deve ser aspiracional a partir da escola pública. De contrário, promovem o “triunfo dos porcos”.
Para Guimarães resulta um Ricardo Costa dissolvido num grupo do PS à procura de rumo; Araújo a afirmar-se, Emídio no governo da Assembleia e Rui Armindo no da Nação. Uma vez mais, um PSD local com grande influência nacional – ao contrário do PS de Guimarães nos últimos anos – esperando, em 2026, o reconhecimento popular no burgo.