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Desafios adiados

José Cunha
Opinião \ sábado, dezembro 31, 2022
© Direitos reservados
O que vi acontecer em Guimarães em 2022 e se perspetiva para o ano que agora começa é a persistência nos velhos paradigmas e modelos do costume, potenciados pela ignorância ambiental.

Repetindo o exercício realizado há um ano, fiz uma reflexão sobre quais seriam os grandes desafios ambientais de Guimarães para o novo ano, e cheguei à conclusão de que serão os mesmos, pois todos os que identifiquei para 2022 foram adiados.

É minha opinião que a mobilidade e o ordenamento do território com uma participação efetiva da sociedade civil se mantêm como os grandes desafios neste futuro mais próximo e que as grandes discussões e decisões nessa matéria transitaram para este ano que agora inicia.

Do que estaria previsto para 2022, e no campo da mobilidade, deve ser destacado o cancelamento da discussão pública do estudo de impactes ambientais da Via de Acesso ao Avepark que tinha sido prometida pelo presidente da Câmara. Sem grandes explicações, e num processo com contornos estranhos (que estão a ser averiguados por entidades competentes em matéria de inspeção ambiental) faltou-se à palavra dada e ignorou-se a opinião dos cidadãos.

Ainda em matéria de mobilidade foi também adiada a discussão do estruturante Sistema de Transporte Público em Via Dedicada, cujo estudo estará já pronto mas que tem vindo a ser “escondido” dos vimaranenses (com a cumplicidade, por inação, da oposição).

É de extrema importância a discussão urgente da mobilidade em Guimarães para que haja uma solução integradora, racional e sustentável para as necessidades identificadas, como sejam o acesso ao Avepark, o acesso ao norte do concelho e o acesso a Braga e ao TGV.

No que diz respeito ao Ordenamento do Território, e tendo a data limite legalmente permitida sido mais uma vez adiada, a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) de Guimarães deverá estar concluída até ao final de 2023. É assustador constatar que os comentários do Presidente da Câmara sobre o mais importante documento estratégico municipal se limitam a informar que vai haver mais áreas industriais e terrenos para construção. Será certamente um grande desafio participar de forma atenta e ativa na discussão pública deste documento.

No entanto, também existem novidades para 2023. Apesar de eu não o considerar como um desafio ambiental, mas antes um desígnio político, neste novo ano teremos uma nova candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia (CVE). Diga-se a este propósito que sempre achei a candidatura a CVE e toda a propaganda nela centrada uma encenação que não corresponde à realidade de Guimarães, e que pouco valor tem quando comparada com o que verdadeiramente faz a diferença: sensibilidade e real compromisso com a sustentabilidade ambiental.

Apesar de todos os alertas da natureza, dos cientistas e dos organismos internacionais, que nos pedem para reconstruir melhor e sem o sacrifício do ambiente, o que vi acontecer em Guimarães em 2022 e se perspetiva para o ano que agora começa é a persistência nos velhos paradigmas e modelos do costume, potenciados pela ignorância ambiental, pela falta de sensibilidade e pela falta de coragem, o que fará do nosso concelho um território parado no tempo, menos resiliente, menos atrativo e muito mais insustentável.

Votos de boas festas e de um novo ano com saúde e paz.

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