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Pensar fora da... caixa!  

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, novembro 27, 2021
© Direitos reservados
O final do mês de novembro, em Guimarães, é sempre especial, muito especial. Com ou sem pandemia. Para nós, Vimaranenses, é Dia de Pinheiro.

Sabemos há muito tempo que o Cortejo do Pinheiro é, todos os anos, na noite de 29 de novembro. Sabemos há algum tempo que vivemos em pandemia. Sabemos – porque nos disseram – que atingiríamos a imunidade de grupo, se tivéssemos a população portuguesa vacinada com uma taxa superior a 85%.   

Portugal foi referência na Europa por sermos o primeiro país a conseguir tal objetivo. Por mérito dos profissionais de saúde, mas também por que os portugueses se envolveram (e demonstraram empenho) no processo de vacinação. Perante esta realidade, o pensamento imediato de um apaixonado Nicolino foi apenas um: “este ano, vamos ter Pinheiro!” 

Geraram-se expetativas e criaram-se esperanças (legítimas) para o regresso das caixas e dos bombos às ruas de Guimarães. Mas… faltou pensar num “Plano B”! Faltou pensar... fora da caixa! Para ninguém ser bombo da festa. E se houvesse uma inversão do número de casos? E se a pandemia voltasse a regredir, como demonstra estar a acontecer? Era fundamental, determinante até, Guimarães ter preparado atempadamente o seu plano alternativo para poder realizar o início de umas festas tão desejadas pelo seu Povo.   

Em 2020, a frustração ocupou as ruas despidas. Não houve cortejo, mas tivemos um ano para o desfile ser preparado! Com atenção, com cuidado, com algo estruturado, dialogado com os Vimaranenses, com escolta de… opiniões. Se assim fosse, a tempo e horas, iríamos sentir que haveria uma preocupação efetiva e uma vontade férrea para as “coisas” serem feitas. E as pessoas de Guimarães iriam colaborar, garantidamente. E com responsabilidade.   

O passado ensinará a fazer diferente. Um exemplo. Logo depois da eleição da Comissão de Festas, poder-se-ia ter preparado uma forte campanha de sensibilização, com início em outubro, antes das Moinas, tendo como objetivo mobilizar os Vimaranenses para sermos a festa modelo no País. Basta revisitar a cronologia da História e verificar como nós aderimos em massa a este tipo de apelos. Sempre que somos desafiados, afirmamos orgulhosamente: “Eu faço parte!”.  

Pedir voluntários para colaborar no distanciamento era uma ideia a colocar em prática durante as 4 Moinas que antecedem o Cortejo do Pinheiro. Seriam 4 verdadeiros ensaios para a noite de 29 de novembro. A organização deste ano continuava a ser promovida pela Comissão de Festas, mas teria também de ser partilhada com Velhos Nicolinos e Autoridades de Saúde, mais experientes nos seus diferentes domínios.   

Ao mesmo tempo, a extensão do percurso teria de ser revista. Um itinerário mais curto, claro, mas respeitando os pontos fulcrais da tradição. Uma solução alternativa poderia ser a seguinte: a saída mantinha-se no Campo de São Mamede, no Cano, os nicolinos passavam em frente à estátua de D. Afonso Henriques e seguiam logo pelo Jardim do Carmo em direção à Muralha (arruamento largo e arejado), chegando depois ao Campo da Feira.   

Ao longo desta extensão, com um percurso todo vedado e mais reduzido, seria criado um único corredor. Aqui, só poderiam circular quem fosse portador de uma máscara nicolina idealizada para o efeito e devidamente homologada – que seria um comprovativo de fácil verificação de testagem negativa à COVID-19.   

Neste itinerário redimensionado, seriam igualmente disponibilizados locais estratégicos de apoio para quem tivesse necessidade de ser assistido por eventuais quedas, excesso de álcool, corte de mãos ou outra razão, de modo a impedir uma sobrecarga no Hospital. Haveria planeamento e previsão de riscos para contornar problemas.   

Para facilitar todo este processo, poderiam ser solicitadas pré-inscrições para aferir quantas pessoas poderiam participar, de forma a disponibilizar os meios necessários. Todos sabemos que somos muitos, mas estava a ser feita avaliação de risco para perceber vulnerabilidades e controlar a operação, mantendo-se a atividade económica a todos os níveis.   

Grandes desafios exigem soluções arrojadas. Reunidos todos os esforços, Guimarães, com uma mensagem sublime de cidade segura, seria um exemplo para o País na coordenação de uma festa em pandemia… 

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