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Quando a floresta grita por socorro…

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, setembro 21, 2024
© Direitos reservados
Algumas medidas para acabar com os incêndios. Uma terra queimada não pode ser uma esperança sufocada. Tem sido assim nos últimos tempos. Ano após ano.

Não há um verão que as notícias não sejam dominadas pelo fogo das florestas. A narrativa da terra queimada já cheira mal. Para quem vê. Para quem escreve. Para quem lê. Para quem ouve.

Todos os anos, a coisa repete-se. Com maior ou menor gravidade. Mas repete-se! E se há anualmente sucessivas reincidências só tem de ser encontrada uma solução. É nesse pressuposto que os cidadãos confiam quando vão eleger os seus governantes.

Soluções, clamam por soluções.

Não querem ouvir que “a situação de calamidade ainda vai agravar-se nos próximos dias”, com as chamas a cavalgarem mato adentro até destruírem habitações. Com os bombeiros a despejarem gotas de suor enquanto a população, em agonia, se mobiliza para chegar garrafas de água aos voluntários.

Talvez fosse ao Estado que, nestas circunstâncias, competisse acautelar uma bolsa de emergência para satisfazer necessidades mínimas para quem protege bens e pessoas. Refeições, águas ou umas simples bolachas não iriam afetar o peso de um Orçamento de Estado – tão propalado nas últimas semanas por combates de alecrim e manjerona.

Mais uma vez, foram os cidadãos comuns a substituírem-se a quem devia ter por responsabilidade pensar politicamente e encontrar soluções para… as suas pessoas.

Todos os anos, procura-se descortinar a que se devem tantos incêndios. Fogo posto, interesses económicos, negligência de quem não limpa terrenos, mão humana, ignições inadvertidas, costumam ser algumas das razões aventadas.

Pouco importa, agora.
Os incêndios já prosperaram…

Só importa, na verdade, para prevenir o futuro para que não voltemos a assistir, com ar consternado, à consternação das pessoas. A teatros de operações dantescos, com bombeiros exaustos, a socorrerem o seu concelho e outros concelhos, em apoio e solidariedade. Esgotados. A terem, muitas vezes, que dormir de pé. Merecem inteiramente os nossos aplausos. De pé.

Urge implementar a tão adiada reforma legislativa, com a adoção de incentivos para quem cumpre a lei, para quem limpa e cuida das suas propriedades, logo, de nós. Conceder benefícios fiscais para quem obedece era uma possibilidade. Mas criar uma lei que proíba qualquer tipo de atividade comercial ou imobiliária em terrenos ardidos durante os 50 anos após o incêndio seria, certamente, mais eficaz.

Sabemos que, no verão, os jovens não têm aulas. Poderiam ser um ativo importante, na ocupação de tempos livres em pontos estratégicos, com atividades (radicais ou não) que lhes despertem o interesse, que os mobilize, como a exploração de trilhos. É alargar o conceito escutista à comunidade civil. Falem com os escuteiros. Perguntem como fazem. Não é “plantá-los” na floresta, sem propósito…

Por falar nisso, recuperar o pastoreio não é uma medida necessária, é urgente! E cumpria várias funções. Os animais limpavam as matas e a vigilância humana estava garantida. Obsoletas são as ideias que não saem do papel. Ou das gavetas dos gabinetes.

É certo que, hoje, poucos quererão professar essa profissão, salvo se houver medidas (apoios financeiros), como sucede na área social para quem tem carências económicas. Seria um investimento, de prevenção e não de reação.

São medidas (concretas) que promoveriam o regresso à floresta. Que está carente e tem estado abandonada. E, quando não se cuida durante décadas, nascem ervas daninhas. Que são combustível para transformar a nossa paisagem num… Montenegro!

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