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Quando o coração tem… memória!  

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, dezembro 25, 2021
© Direitos reservados
Uma história de vida faz-se com pessoas. Do passado. Do presente. E do futuro.

Com frequência, dizemos que “nunca mais é sábado”. Olhamos para o calendário e… já é Natal outra vez! Sem darmos conta, andamos novamente no frenesim da quadra festiva, de um lado para o outro, agitados, a olhar para o telemóvel, a reagir, a responder a mensagens, a desejar “Feliz Natal”! E de repente… tudo acaba!   

Acaba o ano. Acaba o bulício do dia a dia. Acaba um ciclo. Começa outro. Ficam memórias, para trás. Apenas isso. Que é muito! São elas que nos dizem que a morte não é a maior perda da vida. A perda maior é o que morre dentro de nós, enquanto estamos vivos!   

E quem falece, quando muito a nós diz respeito, continua a viver! Sempre. Renasce todos os dias em pensamento, com recordações de um passado que a memória não apaga. Nem conseguirá apagar. Nem mesmo quando o ano termina…  

2021 foi o ano em que perdemos um antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, com ligações afetivas a Guimarães. Foi o ano em que deixamos de ouvir, nas ruas da cidade, as gargalhadas do nosso Neno, um embaixador que projeta(va) o nome de Guimarães e do Vitória com a nobreza e a elegância que tão bem ele sabia!   

Terrível ano este que começou, em janeiro, com o falecimento de João Cutileiro, o autor da estátua contemporânea de D. Afonso Henriques. Parece que foi ontem, mas está completar um ano que partiu Carlos do Carmo. O seu desaparecimento no primeiro dia de 2021 pareceu indiciar o triste fado que haveria de nos reservar o novo ano.   

O ano em que faleceu Luís Caldas, conhecido livreiro e dirigente associativo de Guimarães, como é igualmente o caso de Fortunato da Silva Simões Lopes, ex-Presidente do Círculo de Arte e Recreio (CAR), ou do médico Leite Pereira, fundador do Serviço de Cardiologia do Hospital de Guimarães. Ou ainda da escritora vimaranense Virgínia Coutinho, que faleceu em abril. Ou, esta semana, do João Neves, conhecido nicolino e homem de Guimarães.   

2021 foi marcante, também, a nível nacional. Pessoas que entram pela nossa casa, fazem parte das nossas rotinas e que, pelo seu trabalho artístico, ajudaram muitos a tolerar o tédio da pandemia. E, a este nível, o rol dos nomes é imenso: Carmen Dolores, Maria João Abreu, Carlos Miguel (Fininho do concurso “1,2,3”), Natália de Sousa, António Cordeiro, Cecília Guimarães, Maria José Valério, Artur Garcia da Silva, Igor Sampaio, Rogério Samora…  

A gratidão é a memória do coração, também, para quem dedicou a sua vida à causa pública, como foram o exemplo de Jorge Coelho ou de António Almeida Henriques. Ou dos militares Otelo Saraiva de Carvalho e Carlos de Azeredo. Ou, ainda, do médico legista José Eduardo Pinto da Costa. Ou, mais localmente, há dias, do formador de jovens desportistas João Paredes, treinador de voleibol do Vitória.  

2021 foi igualmente o ano em que a rua Santa Maria deixou de ver a amável e cordial Fernandinha, que vendeu fruta até aos 91 anos! É a vida. E aprendemos muito com ela! Aprendemos que devemos de viver um dia de cada vez. Com sabedoria. Sem pressa. Porque tudo passa a correr. Temos tão pouco tempo. Vivamos os nossos sonhos. Feliz Natal!

[crónica em memória de Joaquim Salgado, meu Sogro e bondoso Avô dos meus filhos] 

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