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Um Centro repleto de... Histórias!

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, maio 14, 2022
© Direitos reservados
Critérios mais restritos para admissão de alojamentos locais e benefícios no arrendamento a famílias podem ser duas medidas para travar tendência de despovoamento no Centro Histórico.

A Fernandinha da Rua Santa Maria, o Toninho Gonçalves da Praça S. Tiago, a Maria José das "Minauas", a Rosa do "Sequeira", o Quim do Quiosque da Tulha, o Sr. Lima das "Miniaturas das ruas", a Carmo "Sardinheira", o Sr. Manuel do "Café" ou a "Mininha" da Praça de S. Tiago são algumas das referências típicas do Centro Histórico de Guimarães que faleceram nos últimos tempos.

São rostos e nomes de pessoas que nos habituamos a ver diariamente, conhecidos dos vimaranenses e reconhecidos pelo bom trato, afabilidade, simpatia e cordialidade. Faziam parte, já, da família urbana vimaranense – que nós cumprimentávamos com um simples sorriso ou um apressado aceno de mão.

Foram pessoas que viveram o seu Centro Histórico e nele fizeram as suas vidas, dando vida a um local emblemático de Guimarães que, em 2001, se tornou sítio classificado pela UNESCO, justamente, também, por ter pessoas a viver nele – característica que notabiliza e distingue o nosso Centro Histórico dos demais.

A evolução natural das coisas levou a um progressivo envelhecimento da população que habita, hoje, o coração do património vimaranense. Por essa razão, é necessário dar mais atenção a este detalhe demográfico, recolhendo-se contributos e aplicando-se medidas urgentes para travar a tendência do despovoamento e evitar que o Alojamento Local se aproprie dos imóveis – tal como sucede, hoje, a 50 quilómetros de Guimarães.

Uma das medidas tem de estar relacionada com o preço das rendas. Só ainda consegue manter-se a residir no Centro Histórico quem tem rendas antigas. Outra dificuldade é a manutenção dos edifícios históricos. Os materiais são muito caros e, segundo os moradores, limitados por um regulamento. A questão do estacionamento é outro obstáculo, tanto mais que as casas do Centro Histórico não têm garagens.

Para uma família se instalar é necessário que o controlo do ruído seja mais eficaz. Não basta ter legislação, se ela não for aplicada. Ter um bebé num local onde o ruído permanece durante largas horas da noite não é apelativo para um jovem casal. Por isso mesmo, são necessárias políticas efetivas de apoio quer ao inquilino, quer ao arrendatário, para um repovoamento gradual e bem sucedido.

É verdade que os idosos foram-se habituando ao barulho ao longo dos anos. A resistência à mudança é que os manteve no centro, uma vez que a maioria dos casais com filhos… saiu! Beneficiar quem aluga a famílias poderá ser um bom incentivo. O facto de não se pagar IMI só beneficia o senhorio. E a maior parte das casas são arrendadas…

Esta é, pois, a altura ideal para discutir os mecanismos de trazer mais pessoas para o Centro Histórico, até porque o Plano Diretor Municipal (PDM) está em processo de revisão. Sabemos que o turismo é importante para a economia local e nacional. E também sabemos que os dividendos daí resultantes poderiam ser aplicados através de projetos em prol da qualidade de vida das pessoas e no repovoamento da zona histórica. Para que a identidade bairrista de Guimarães continue a ser uma marca do nosso Centro Histórico…

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