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Um Pass(ado) que se quer futuro

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, abril 13, 2024
© Direitos reservados
Castelo, Paço, Museu de Alberto Sampaio, Sociedade Martins Sarmento, Teleférico, Igreja Capuchos, Ciência Viva, Vila Flor, Plataforma, Casa Memória, Museu Castreja e Citânia tinham… um só bilhete!

Em 2017, Guimarães, à semelhança de outras cidades turísticas, implementou um Passe no seu território (“Guimarães Pass”) que promovia um circuito pelos pontos de interesse para os turistas, motivando a visita a sítios menos divulgados ou não tão conhecidos.

A ideia era facilitar a entrada em todos os museus vimaranenses, com a aquisição de um único bilhete, permitindo visitar mais de uma dezena de espaços culturais e de lazer diferentes. O “Guimarães Pass” tinha uma validade para 4 dias e era a forma mais fácil de garantir entradas em vários locais do concelho a um preço reduzido.

Por apenas 15 euros, era possível criar um roteiro aleatório entre museus, monumentos e outras atrações turísticas e culturais de Guimarães. E por mais três euros (18, no total) facultava a possibilidade de realizar uma viagem de Teleférico, com ida e volta, como forma de incluir também a estância turística da montanha da Penha.

Na prática, com o valor deste bilhete, era possível obter um desconto de quase 50% em relação a uma compra normal por cada entrada! Além disso, como medida apelativa, acompanhava consigo a circunstância de contemplar uma forma divertida de obter “carimbos” com um pequeno passaporte, em cada um dos monumentos ou sítios a visitar.

Este projeto de promoção de turismo (e de divulgação de território) tinha ainda um desconto para jovens e idosos que poderiam adquirir o “Guimarães Pass” pelo valor de 10 euros (ou 11,50 euros, com as viagens de Teleférico). Já os menores de 12 anos beneficiavam de acesso gratuito.

Este “Pass”, além de promover a visita articulada a outros locais, tinha outra virtude: aumentava a possibilidade de fixar o turista em Guimarães durante 4 dias, o referido tempo de validade para a realização deste guia. Por inerência, o visitante poderia acabar por permanecer mais tempo em Guimarães e, por uma sequência lógica, dinamizar a economia vimaranense, com o mais que provável aumento de consumo no nosso concelho (restauração, pastelaria, alojamento…).

Pela sua natureza e dimensão histórica, o Castelo de Guimarães e o Paço dos Duques têm uma visibilidade natural. O “Guimarães Pass”, por exemplo, permitia promover Couros e a existência ali de um Centro de Ciência Viva, que muitas vezes só era do domínio público e dos turistas através deste “Pass”, que estava acompanhado por um livro em formato de roteiro.

Uma medida empreendedora e bem sucedida, criada há 7 anos em Guimarães, que hoje está “temporariamente indisponível”. Na prática, é um Pass que não existe! Pelo menos, as máquinas de emissão dos bilhetes foram retiradas dos locais.

Sobre este assunto, o vereador do pelouro do Turismo na Câmara Municipal confirmou isso mesmo, por ocasião da sua presença, há dias, no programa “Guimarães em Debate”, realizado semanalmente pelo Jornal de Guimarães.

E informou que o projeto estava a ser aperfeiçoado, entre outros, com a inclusão do acesso aos transportes públicos e que esse trabalho de aperfeiçoamento do “Guimarães Pass” ficaria concluído em meados de 2025, regressando nessa altura com uma nova designação: “Guimarães Card”!

Deixo apenas duas ou três perguntas, em forma de reflexão. Por que se não pode comprar, agora, nos sítios mais visitáveis? Até 2025, o “Guimarães Pass” não poderia manter-se ativo? Os (poucos, mas diligentes e empenhados) colaboradores do turismo lidavam com o dinheiro e passariam a receber um abono/subsídio para falhas (cerca de 30 euros, por mês!) – o que permitiria a Guimarães continuar a obter (muitos) mais ganhos. Não foi validado.

Porquê inserir a modalidade de transportes no “Guimarães Pass” quando, à exceção da Citânia de Briteiros e do Museu da Cultura Castreja, quase todos os equipamentos turísticos se visitam a pé?

Outra questão. Existem horários (turísticos) para o visitante ir do centro da cidade de Guimarães a Briteiros, de autocarro? Ou à Vila de São Torcato para se conhecer a Basílica? Ou ainda, até, existem transportes alternativos que sirvam os turistas que querem conhecer a Penha, mas que têm receio de andar de Teleférico? Se vierem a ser criados, o vimaranense que contribui com os seus impostos e que vive todos os dias no seu território também quer que se pense nele…

O “Guimarães Pass” poderia ser fortalecido aumentando-se as instituições envolvidas, a inclusão da hotelaria vimaranense ou, tal como acontece legalmente noutros municípios, a aposta em experiências singulares de turismo de natureza, turismo religioso, turismo literário, enoturismo ou turismo industrial – áreas e setores que tão bem caracterizam a nossa região.

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