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Uma nova Câmara Municipal

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, outubro 11, 2025
© Direitos reservados
Duas ou três ideias. Meras sugestões. Ou contributos. Com propostas ambiciosas. Como Guimarães merece.

Reflitamos neste sábado de reflexão, véspera de eleições autárquicas. Terminou a campanha eleitoral e, por cá, terá faltado “aquele” entusiasmo. Não daquele em que se ligam os megafones e se agitam bandeiras. Desse, há e haverá sempre. Terá sido mobilizado o cidadão comum, de forma natural, empática, genuína?

Apesar de muito se ter falado de MetroBus e de Metro de Superfície como soluções de mobilidade para Guimarães, arriscaria a afirmar que, hoje, poucos saberão dizer, com rigor, o que distingue cada um deles. E não, não é a mesma coisa. Faltou esclarecer devidamente os conceitos. 

Como devia ter sido dedicada uma palavra a quem vai votar, este domingo, pela primeira vez. A quem completou agora 18 anos e, hoje, dia de reflexão, ainda não sabe em quem confiar o seu voto! Votar pela primeira vez é um momento importante. É o início de uma vida cívica, de participação, de escolha livre.

Os jovens (e os menos jovens) querem políticas que os inspirem. Que falem de ideias, de princípios, de valores, de propostas concretas. Não de promessas em papel timbrado que lhes digam, muitas vezes por correio, em quem confiar. Precisam de exemplos que os façam acreditar.

Uma ideia de futuro

A nossa Democracia ultrapassou já meio século de vitalidade. Em 2025, completam-se 50 anos que os serviços da Câmara Municipal de Guimarães estão sediados no antigo Convento de Santa Clara, mandado construir, no século XVI, pelo Cónego Baltazar de Andrade.

Orgulhamo-nos por ter sido um dos conventos mais importantes e ricos de Guimarães, tornando-se famoso pelas tortas e toucinhos do céu que as freiras ali confecionavam e vendiam. Mas, hoje, concordamos que o edifício estará desadequado com a utilidade pública que obrigatoriamente tem de prestar, numa sociedade contemporânea onde se reivindicam condições de acessibilidade universal para pessoas com mobilidade condicionada.

Construir um moderno e funcional edifício permitiria acolher e concentrar todos os serviços da Câmara Municipal, sem barreiras, nem clausuras de outros tempos, aberto ao cidadão e agradável para quem lá trabalha. Seria, até, o indicador mais claro e a mensagem mais eficiente de demonstrar ao eleitorado, com uma proposta concreta e realista, que Guimarães iria entrar efetivamente num novo ciclo, com uma visão de futuro e uma linha de pensamento estruturante e organizada.

Os serviços municipais deixariam de estar dispersos pelo Palacete da Praça S. Tiago (Dep. Financeiro / Contabilidade), pelo Centro Cultural Vila Flor (Cultura), pelo Edifício do Leite (Ação Social), pelo antigo Quartel da GNR (Polícia Municipal de Guimarães) ou pelo edifício da antiga Zona de Turismo de Guimarães (Serviços de Transporte e Mobilidade).

Com esta solução, baseada num projeto arquitetónico de referência nacional, toda a Câmara estaria concentrada num único espaço, eventualmente junto ao futuro Campus de Justiça, preferencialmente com capacidade de aparcamento. Mas, garantidamente, num terreno propriedade do Município…

Os funcionários habitariam o mesmo edifício e passavam a partilhar o mesmo teto, a vivenciar a mesma atmosfera e a absorverem o mesmo espírito de equipa. Mas estariam, sobretudo, agregados e em ambiente municipal a defender a causa pública – que, afinal, é comum!

Um novo conceito para a atual Câmara

Com o Convento de Santa Clara “liberto”, a Loja do Cidadão de Guimarães poder-se-ia instalar ali, nos diferentes gabinetes do piso térreo. Lá em cima, nos andares superiores, depois de instalado o tão desejado elevador, haveria lugar para a criação de um Centro Interpretativo da Evolução do Centro Histórico, que em 2026 completa 25 anos que foi classificado pela UNESCO.

Neste “novo” Convento de Santa Clara, nascia a memória das ruas, das suas gentes, dos rostos icónicos, um digno e central ponto de referência que convidaria os turistas provenientes do Adarve a explorar os cantos, as vielas e a paixão bairrista da cidade, até à Zona de Couros, hoje igualmente Património da Humanidade.

Espaço não iria faltar e a recriação da história do Convento e da doçaria conventual teriam certamente um lugar próprio, atrativo, dinâmico e interativo num edifício histórico, capaz de atrair mais (e outros) públicos a uma cidade que tem de ser capaz de surpreender permanentemente quem a visita.

Foquemo-nos no essencial: no crescimento progressivo, mas sustentado de Guimarães. Para não perdermos o comboio do desenvolvimento, nem descarrilarmos na primeira curva. Não pode ser sazonal. Guimarães tem de estar sempre na primeira… linha.

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