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Vou viver… até quando eu não sei!

Vítor Oliveira
Opinião \ sábado, maio 15, 2021
© Direitos reservados
O tema da morte sempre foi tabu. A palavra, por si só, impõe respeito. E fugimos dela. Mas ela acontece todos os dias nas nossas… vidas.

Costumamos dizer, com frequência, que a vida passa a correr e que só damos verdadeiramente valor àquilo que não temos. Ter saúde é, por estes dias, um bem precioso. É sempre. Mas hoje mais do que nunca.

“Quero é viver”, já cantava o falecido Variações. Todos queremos. Não viver é o que mais cansa. Vimos isso recentemente, com esta pandemia, quando fomos remetidos para casa e os dias eram todos iguais. Nessa altura, morremos de tédio.

Inconscientemente, acabamos por morrer todos os dias. E nem nos apercebemos. Morremos de sono. De frio. Morremos de amores. E também morremos de medo, por algo que possa acontecer. Como… a morte! Vamos morrer, sim, mas que fique hoje bem claro: a mim, não me apetece! E, agora, também não estou muito disponível…

Gostava de ver, por exemplo, como será Guimarães daqui a 100 anos. Ou mais. Gostava mesmo! Por muito otimista que sejamos, já não estaremos cá. Na verdade, só damos valor ao nosso território quando o “perdemos”, ainda que por momentos.

É o que acontece frequentemente quando vamos de férias para um outro local e, em pensamento, repetimos interiormente: “Em Guimarães, isto não é assim!”. Ou quando estamos ausentes durante algum tempo e, no regresso a casa, não dispensamos a volta ao Toural “para ver se está no sítio”.

A vida é muito estranha: é preciso tristeza para saber o que é felicidade. O barulho para apreciar o silêncio e a ausência para avaliar a presença. E nem sempre se vive! Sobrevive-se, seja qual for a circunstância. Andamos tão atarefados que esquecemo-nos de viver. Acontece que, até para morrer, temos de ter tempo. E para a morte… há tempo!

Nesse aspeto, a sabedoria do povo é prudente e aconselha a aproveitar a vida, porque dizem que, depois da morte, vamos estar muito tempo sem nada fazer. Uma das qualidades que caracteriza o ser humano é a marca de amor que deixa, enquanto por cá anda. E basta dizer “Bom dia!”. Sorrir. Abraçar. A mãe, o pai, a mulher, os filhos, os amigos, a família, cujo dia hoje se celebra neste sábado, 15 de maio.

Nascemos sem pedir e morremos sem querer. Aproveitemos o intervalo e sejamos o melhor de nós. A qualquer momento, acabou-se! Nessa altura, morremos um pouco, quando (nos) morre alguém. Seja nosso familiar, mero conhecido ou figura pública. A tristeza da perda provoca sempre um vazio. Dizem que só se vive uma vez! Se fizermos isso direito, uma vez é suficiente. Mas que não nos lembremos de viver só quando somos recordados pela morte.

Se vamos todos morrer, então vamos todos tratar de… viver! Continua a achar que só se vive uma vez? Nada disso! Só se morre uma vez. Vivemos todos os dias! Porque a vida é sempre uma curiosidade, que desperta com a idade e interessa, sempre, o que há-de vir. A vida não é breve. Ela é suficiente. O ser humano é que perde tempo com coisas inúteis.

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