24 de Junho: “Essencial aumentar o conhecimento” sobre a batalha
Uma semana depois de Guimarães ter recebido o Presidente da República, no âmbito das comemorações de mais um 24 de Junho, a causa da elevação da data a feriado nacional esteve de novo em cima da mesa, na reunião do executivo municipal, com o vereador da Coligação Juntos por Guimarães Bruno Fernandes a vincar que, além de “discursos empolados” em torno do objetivo de quatro em quatro anos, na antecâmara das Eleições Autárquicas, são precisos “passos concretos” com mais frequência.
“Não faz sentido que se realce só de quatro em quatro anos, em períodos especiais como os que estamos a viver agora. O 24 de Junho é superior aos partidos, é superior ao município. Quem tem responsabilidades políticas não se pode demitir de fazer o trabalho que tem de ser feito”, disse aos jornalistas, após a conclusão da ordem de trabalhos da reunião de quinta-feira.
O candidato à Câmara Municipal no próximo ato eleitoral lembrou ainda que o assunto é preocupação da força política que representa desde pelo menos 27 de junho de 2008, quando apresentou uma moção em Assembleia Municipal relativa à possível elevação da data da batalha de São Mamede a feriado nacional.
Esse documento, então aprovado por PS, PSD e CDS-PP, propõe “solicitar ao Presidente da República, ao Governo e à Assembleia da República que, conjunta ou isoladamente, promovam a discussão da consideração pelo Estado Português do dia 24 de Junho como “’Dia de Portugal’” e ainda “remeter o texto da moção aos referidos Órgãos de Soberania, bem como a todos os Grupos Parlamentares com assento na Assembleia da República”.
Na resposta, a vereadora e vice-presidente da Câmara, Adelina Paula Pinto, afirmou que “não é de todo verdade” que o executivo só traga o 24 de Junho para a ordem do dia de quatro em quatro anos, tendo alegado que Marcelo Rebelo de Sousa só não se deslocou a Guimarães em 2019 ou 2020, porque não pôde.
“Nos últimos anos, temos trabalhado imenso para que o 24 de Junho tenha uma dimensão nacional. Quando estabelecemos as Jornadas Afonsinas enquanto história foi com esta ideia de que precisamos de aumentar o conhecimento sobre esta data, para que tenhamos cada vez mais argumentos”, realçou.
Em 1129, já haveria “acordo tácito” entre Afonso Henriques e Afonso VII
Ciente de que há várias datas associadas à formação de Portugal – 1128, 1139 (batalha de Ourique), 1143 (Tratado de Zamora) e 1179 (bula papal Manifestis Probatum) -, a vereadora com os pelouros da Educação e da Cultura frisou que a prioridade do município é provar que foi na batalha de São Mamede que “Afonso Henriques tomou uma decisão completamente diferente”, que significou um “corte” definitivo com o passado.
Mas isso requer mais conhecimento, porque, admitiu, para os juristas são “os papéis que valem”; e a documentação remonta sobretudo a 1143 e a 1179. A vereadora considera assim importante dinamizar o conhecimento sobre a fundação de Portugal; nesse sentido, o município até pensa lançar bolsas para se estudar mais esse tempo.
Para Adelina Paula Pinto, os avanços nesse sentido são possíveis, até porque o historiador espanhol Ricardo Chão Prieto deu conta, num evento organizado pela Grã Ordem Afonsina no sábado passado, de que, em 1129, já havia um “acordo tácito” entre Afonso VII, rei de Leão, e Afonso Henriques, para que o primeiro rei português já pudesse tomar decisões políticas sem interferência do seu reino.
O conhecimento, repetiu, é a chave para que o “lóbi politico” de Guimarães possa ter sucesso quanto a esta matéria junto do Parlamento. A vice-presidente da Câmara considera ser difícil tornar o 24 de Junho feriado nacional, quando existem franjas da população vimaranense que desconhecem o significado da data.