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“A Coelima é uma marca que tem de se defender” – advogado da Mabera

Tiago Mendes Dias
Economia \ sexta-feira, junho 25, 2021
© Direitos reservados
Moreira da Costa realçou que a autora da proposta vencedora acredita no futuro da histórica empresa de Pevidém, bem como na defesa dos postos de trabalho. Escritura deve ser feita até 31 de julho.

“Se não tivéssemos feito esse esforço para essa proposta tão mais vantajosa, significaria que não acreditávamos na empresa. Acreditamos”, disse o advogado Moreira da Costa, à saída do edifício do Palácio da Justiça de Guimarães. A Mabera ofereceu a maior quantia para adquirir a Coelima entre as propostas de “carta fechada” abertas a partir das 18h00 de segunda-feira, e viu a compra ser legitimada nesta sexta-feira, na segunda assembleia de credores referente ao futuro da quase centenária empresa de têxteis-lar.

Acompanhado do administrador e acionista principal, José Dâmaso Lobo, o mandatário frisou que a Mabera obteve o “resultado esperado” face ao valor da proposta apresentada. Garantida a compra, Moreira da Costa reconheceu que “agora é que vão começar os verdadeiros problemas”, embora com a convicção de que os postos de trabalho vão ser defendidos e de que a Coelima, enquanto empresa e marca, também será salvaguardada.

“A empresa tem nome. Eu diria que é uma empresa que, ao nível têxtil, está ao mesmo nível da Vista Alegre para as porcelanas e para outro tipo de produto nacional”, comparou. “É uma marca que tem de se defender”.

Com a proposta de 3,637 milhões de euros aprovada, a Mabera passou a deter todo o ativo da Coelima e, segundo Moreira da Costa, está acautelada quanto ao cumprimento de todas as obrigações previstas. O mandatário pediu ainda aos trabalhadores para terem confiança “na nova gestão que vai ser iniciada”, com a esperança de que a Coelima “volte a ser uma empresa onde gostem de trabalhar”.

Questionado ainda sobre a capacidade da Mabera para adquirir e gerir a Coelima, o advogado esclareceu que a têxtil sediada em Mogege tem património cujo valor ronda os 25 milhões de euros e 162 trabalhadores na área dos acabamentos têxteis, que está a ser desenvolvida por uma outra empresa que lhe está associada, a Perfil Cromático.

 

“É preciso enobrecer esta empresa”

Presidente do Sindicato Têxtil do Minho e de Trás-os-Montes e trabalhador da Coelima, Francisco Vieira enalteceu a “coragem” e o “sentido de responsabilidade” da Mabera, a compreensão do administrador da insolvência, Pedro Pidwell, quanto à necessidade de se arranjar uma solução que evitasse a morte da empresa, o consórcio Felpinter/Mundotêxtil, que ofereceu 2,615 milhões de euros, para a aquisição e ainda a proposta do consórcio RTL/José Fontão, que, à data da apresentação, evitou que a têxtil fechasse a 31 de maio, com o despedimento dos 250 trabalhadores.

Fechado o processo de aquisição dos bens, o dirigente sindical olha para o futuro de uma empresa com 99 anos e cujo busto do fundador será inaugurado no sábado, em Pevidém. “Não só acredito que haverá trabalho, como espero que a empresa venha a admitir novos trabalhadores”, vincou. “Esta empresa verá inaugurado, no sábado, o busto do fundador e, para o ano, fará 100 anos. É preciso enobrecer esta empresa”

Convicto de que o fundo de recuperação detido pela ECS (empresa com capitais maioritariamente do Estado) e a MoreTextile “empurraram a Coelima para a morte”, Francisco Vieira destacou ainda o facto de, 30 anos depois, a Coelima ter novamente um patrão ligado à indústria têxtil.

O responsável pediu, assim, que a compradora mantenha o projeto industrial da Coelima e defenda o emprego, respeitando os direitos dos 255 trabalhadores, para que possa “retomar os caminhos de prosperidade e de bem-estar, com pagamentos a tempo e horas”. Se assim for, a nova proprietária vai “poder contar com os trabalhadores do topo à base”. “Os trabalhadores não querem apenas o salário ao fim do mês. Querem sentir que vale a pena o seu empenho, porque também está a ser reconhecido o seu empenho”, realçou.

Preocupado com os trabalhadores da Coelima que neste momento estão na António de Almeida & Filhos, outra das empresas do grupo MoreTextile, em Moreira de Cónegos – a Mabera também já fez uma proposta para a comprar -, Francisco Vieira justificou ainda a abstenção dos trabalhadores na votação com a “controvérsia” que já esperava: um desses exemplos foi a licitação proposta pelo consórcio Mundotêxtil/Felpinter, a quem agradeceu por, depois, ter facilitado o processo de votação. “Ao retirar a proposta, o doutor Gonçalo Gama Lobo deu um contributo muito decisivo para que os trabalhos terminassem mais rapidamente”, detalhou.

 

31 de julho é o horizonte para a escritura

Ciente de que a venda da Coelima já tinha “sido alinhavada na assembleia anterior”, o administrador da insolvência realçou que a sua obrigação era a de “pugnar pela potenciação do valor dos bens”; ou seja, a “proposta do valor mais alto”. “Foi identificada a melhor proposta, que foi aprovada por uma esmagadora maioria dos credores. O plano está em marcha. Vamos trabalhar para concretizar isso o mais rapidamente possível”, disse Pedro Pidwell, à saída do tribunal.

Convencido de que fez tudo para a Coelima se manter no mercado, o administrador judicial esclareceu que os postos de trabalho serão transmitidos à Mabera, cabendo à nova proprietária da Coelima “fazer o que tiver de fazer” quanto ao futuro.

Questionado sobre a escritura de compra e venda, Pedro Pidwell disse estar a trabalhar para que aconteça em julho. O advogado da Mabera esclareceu que está previsto efetuar a escritura até 31 de julho, prazo que lhe parece “curto”. “Pessoalmente, parece-me muito curto o tempo, porque há muita coisa a regularizar. Mas estamos aptos para a fazer logo que seja possível”, avançou Moreira da Costa.

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