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CDU e IL apontam falhas no serviço da Guimabus. Araújo quer renegociar

Tiago Mendes Dias
Política \ segunda-feira, dezembro 29, 2025
© Direitos reservados
Incumprimento de horários e cobertura insuficiente estão entre as críticas expressas em Assembleia Municipal. Presidente da Câmara quer renegociar contrato de concessão em vigor desde 2022.

O serviço de transporte coletivo de passageiros no concelho de Guimarães, operado pela empresa Guimabus, foi um dos tópicos que agitou a sessão de 22 de dezembro da Assembleia Municipal (AM), a última realizada em 2025. A propósito da discussão das Grandes Opções do Plano e do Orçamento para 2026, o deputado da CDU, Torcato Ribeiro, saudou a “tendência para a gratuitidade” dos transportes públicos, apregoada pelo executivo liderado por Ricardo Araújo, mas avisou que essa política de pouco serve se o autocarro “não passa”, se os horários não servem quem trabalha e se as linhas não chegam às freguesias mais periféricas do concelho.

No entender do comunista, as queixas ao grupo municipal da CDU ou feitas diretamente à Guimabus são “o reflexo do descontentamento” de quem opta pelo transporte público ou não tem alternativa de transporte. “Temos os horários que não são cumpridos, os autocarros que não passam nas paragens, os atrasos que podem ser de quase uma hora e que levam ao desespero as pessoas que correm entre a Alameda Norte e a Alameda Sul na esperança de regressarem a horas às suas casas, as portas avariadas dos veículos, que só com a boa vontade dos passageiros podem continuar a viagem, as linhas que conduzem do sítio x ao y, mas não fazem o caminho de volta”, enumerou.

O contrato de concessão à Guimabus está em vigor desde 1 de janeiro de 2022, dia em que começou a circular uma frota com 80 autocarros, 22 deles elétricos, por 66 linhas. Desde então, a empresa operou ajustes em várias das rotas e completou a eletrificação da frota, com a aquisição de 50 autocarros elétricos oficializada em setembro de 2025, fruto de um investimento de 20 milhões de euros, comparticipado em 12 milhões pelo Fundo Ambiental.

“Se no início desta concessão, a ideia era a de que o serviço ainda tinha melhorado em algumas rotas, hoje intensificam-se as queixas que prejudicam os passageiros e que impedem que se conquistem novos passageiros, para que se resolva uma parte do trânsito e se cumpram os compromissos da descarbonização”, completou.

Torcato Ribeiro argumentou que a falta de “uma rede de transportes públicos satisfatória” se reflete no caos que se verifica regularmente no parque de estacionamento da estação ferroviária, uma vez que os utilizadores do comboio se preferem deslocar até lá em transporte individual, defendeu que a implantação da gratuitidade deve começar por todos os estudantes, incluindo pausas letivas e férias, por entender que “o direito à cidade e à mobilidade não se suspende no Natal ou em agosto”, e que o ano da CVE deve ser incentivo para melhorar o serviço de transportes.

“Em 2026, seremos Capital Verde Europeia, mas tememos que as queixas sobre a mobilidade sejam amplificadas. A CVE não pode ser apenas um selo num cartaz. Tem de ser a garantia de que um vimaranense se descola com segurança, conforto e horários que satisfaçam as suas necessidades reais. Sem uma mudança profunda na rede, a CVE falhará no seu compromisso mais elementar”, referiu.

Já o representante da Iniciativa Liberal no órgão deliberativo, João Oliveira, frisou que os avanços na mobilidade inscritos no Orçamento Municipal continuam a ser escassos, embora se apresentem “estudos, diagnósticos e intenções”. “Quem vive em freguesias como Ponte, Serzedelo, Briteiros ou Lordelo enfrenta diariamente transportes insuficientes, horários pouco úteis, ligações frágeis entre a periferia e a cidade. Sem mobilidade eficaz, perde-se o acesso ao emprego, à educação, à cultura e ao próprio desporto. Perde-se, acima de tudo, atratividade e qualidade de vida”, assinalou.

 

Câmara vai renegociar contrato que dava exclusividade à Guimabus em 2028

Quando chegou a hora de responder às várias bancadas partidárias na AM, o presidente da Câmara Municipal reafirmou os objetivos de “simplificar o acesso, aumentar a frequência, em horários noturnos e fins-de-semana, aumentar a cobertura e avançar para a gratuitidade dos transportes públicos”, expressos durante a campanha eleitoral para as Autárquicas de 12 de outubro.

Esses objetivos exigem a renegociação de um acordo firmado entre o anterior executivo municipal, liderado por Domingos Bragança, e a empresa sediada em Serzedelo, que já se encontra para aprovação na Autoridade da Mobilidade e dos Transportes e que Ricardo Araújo considera ter “condições lesivas do interesse dos vimaranenses”. Uma delas é a atribuição da exclusividade do serviço do transporte coletivo de passageiros à Guimabus a partir de 2028. “Significava que Guimarães deixava de ter dois milhões de quilómetros que tem anualmente para transporte público, porque deixava de ter o transporte feito pela Comunidade Intermunicipal do Ave", sublinhou.

O autarca da coligação Juntos por Guimarães (PSD e CDS-PP) lembrou ainda que os processos associados às oito multas à Guimabus, num valor a rondar os 88 mil euros, aprovadas na reunião de Câmara de 22 de dezembro, já estavam feitos durante o executivo anterior, dizendo não saber porque não foram então aplicadas as multas, e frisou ter a responsabilidade de “defender os interesses de Guimarães, dos vimaranenses e do serviço público”, sem facilitar, ainda que a empresa tenha direito à atividade comercial e ao seu rendimento.

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