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Cidade há 168 anos: foi o “início do caminho” rumo à Guimarães de hoje

Tiago Mendes Dias
Sociedade \ terça-feira, junho 22, 2021
© Direitos reservados
Sessão solene nesta terça-feira encerra comemorações da efeméride. Presidente da União de Freguesias da Cidade e historiador veem data como um “marco” e um “ponto de viragem”.

O Salão Nobre da Sociedade Martins Sarmento, uma das entidades que o século XIX legou a Guimarães, é palco da sessão solene que encerra, nesta terça-feira, as comemorações do dia da União de Freguesias de Oliveira do Castelo, São Paio e São Sebastião, coincidente com o aniversário da elevação de Guimarães a cidade.

Esperam-se discursos, entrega de troféus aos vários torneios recreativos organizados no âmbito desta celebração e interpretações dos hinos de Portugal e de Guimarães pelo grupo “Os Trovadores do Cano”. Tudo isso realizar-se-á em memória de 22 de junho de 1853, a data em que a rainha D. Maria II elevou Guimarães de vila a cidade.

Presidente da União de Freguesias desde 2013, Rui Porfírio escolheu, nesse mesmo ano, celebrar o dia da autarquia nessa efeméride, que, a seu ver, foi de “extrema importância” para Guimarães. “Este título mudou quase radicalmente a posição de Guimarães perante o distrito, o próprio país e o mundo”, realça, em declarações ao Jornal de Guimarães.

Porfírio considera que essa decisão foi o culminar da visita da rainha ao então denominado berço da monarquia, tendo visto todos os “ingredientes” para o elevar a cidade. Essa visita ocorreu a 15 de maio de 1852 e é descrita pelo historiador Francisco Brito na introdução do artigo Guimarães entre 1853 e 1901: um apontamento político e social.

“Os reis entraram em Guimarães às 9h da manhã. Foram saudados por inúmero povo e pelas autoridades num Toural que se tinha engalanado para os receber. Na Porta da Vila, o Presidente da Câmara de então, João Machado Pinheiro de Melo (mais tarde Visconde de Pindella), profere um brilhante discurso e entrega as Chaves da Vila à Rainha. Os Reis percorrem toda a vila e detêm-se nas principais instituições e monumentos. São saudados pelas notabilidades locais e pelo povo que se apinha nas ruas. Dirigem-se finalmente ao Palácio de Vila Flor, onde se hospedam e são principescamente recebidos por Nicolau de Arrochela (futuro Conde de Arrochela). Guimarães não mais esqueceria esta visita. E numa rua da cidade, a Rua da Rainha, é ainda hoje guardada essa memória”, pode-se ler.

Contactado pelo Jornal de Guimarães, o historiador considera que, além das “questões administrativas”, a distinção atribuída por D. Maria II coincidiu com o “início de um caminho que Guimarães conseguiu fazer ao longo da segunda metade do século XIX” – esse período incluiu, por exemplo, a chegada do comboio e a organização de uma exposição industrial, ambas em 1884.

“Foi um marco para que se criasse uma urbe que ainda hoje reconhecemos. É também um ponto de viragem, à semelhança do que se verificou em muitas outras cidades e vilas no país. Estavam a criar-se infraestruturas e condições para o país se desenvolver”, diz, salientando que a elevação a cidade teve ainda um “valor simbólico”.

 

Comemoração de cariz popular

A sessão solene desta terça-feira conclui quase um mês de celebração, que arrancou com a exposição de peças em miniatura alusivas à cidade, de Assis Teixeira, a 28 de maio, e prosseguiu com iniciativas como o concurso de fotografia de batentes de portas do centro de Guimarães, a 01 de junho, a apresentação pública da brigada verde da União de Freguesias, a 05 de junho, a feira do livro, a 10 de junho, ou a homenagem a D. Afonso Henriques, realizada no último domingo.

O programa distinguiu-se ainda pelos vários torneios de atividades recreativas – sueca, xadrez, damas, matraquilhos, dominó e jogos tradicionais vários -, que tiveram como palco várias associações e estabelecimentos localizados na União de Freguesias: alguns exemplos foram o Grupo Desportivo de Oliveira do Castelo, o Grupo Desportivo Unidos do Cano, o Académico de Guimarães e a Associação da Marcha Gualteriana.

“O modelo que encontramos para fazer ver aos cidadãos a importância desse título que Guimarães recebeu foi cada associação realizar uma atividade. Quase todos os dias, tínhamos uma atividade proporcionada pelas coletividades: sueca, xadrez, damas, matraquilhos, dominó e chincalhão”, explica Rui Porfírio, revelando que o torneio de xadrez foi o mais concorrido, com 83 inscrições.

No dia 18 de Junho, teve ainda início uma mostra de montras por parte da Associação de Comércio Tradicional de Guimarães, que reuniu 22 inscrições, acrescentou.

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