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Dia da Criança: "A pandemia fragilizou ainda mais os mais frágeis"

Pedro C. Esteves
Educação \ terça-feira, junho 01, 2021
© Direitos reservados
Dia Mundial da Criança "serviu de mote" para a vereadora da Educação revelar alguns dados do rastreio de saúde mental feito aos mais novos. Resultados mostram que é importante "ouvir as crianças".

Há crianças vimaranenses que, em virtude da pandemia de covid-19, preferem ficar em ensino doméstico, outras não querem sair para atividades e até há casos em que “não dormem de noite”. Estas são algumas das ilações do rastreio em curso à saúde mental dos mais novos (entre os 3 e os 10 anos de idade), que visa avaliar indicadores de perturbação emocional durante o período assolado pela pandemia. As informações foram adiantadas pela vereadora da Educação. É motivo para preocupação acrescida, a pandemia fragilizou ainda mais os mais frágeis”, referiu.

O rastreio da saúde mental foi firmado em setembro do ano passado. A Câmara Municipal de Guimarães, em articulação com a Associação de Psicologia da Universidade do Minho (APsi-UMinho), o Centro de Investigação em Psicologia da Universidade do Minho (CIPsi) e o ProChild quis perceber o impacto da crise sanitária nas crianças. Havia um problema: a última pandemia foi há 100 anos, a saúde mental não era uma preocupação. Então, no âmbito do Prochild, uma incubadora social composta por investigadores, utilizou outro paralelismo: uma situação de guerra. A expetativa era que 20 a 30% das crianças manifestasse comportamentos preocupantes: “Pensamos que sem bomba, destruição, seriam menos. Hoje temos um número significativo”.

Adelina Paula Pinto realçou que não há um universo – o rastreio é em formato online para que os pais respondam. “Daqueles que respondem, temos uma resposta superior a 30% de crianças sinalizadas com problemas de saúde mental. Temos um número significativo de crianças que nesse rastreio assinalam problemas acompanhados por psicólogos”, explica a vereadora, que divulgou estas informações na última reunião de câmara, um dia antes do Dia Mundial da Criança. A efeméride acabou por “servir de mote para falar” do impacto das medidas de saúde pública em período de pandemia na saúde mental dos mais novos.

A partir dos resultados do rastreio de avaliação e monitorização, o tipo de respostas varia. Se “pontuarem pouco no rastreio”, a solução pode passar “pela arte e pelo desporto, podem ajudar” – “Temos que olhar para o território e perceber isso, o urbanismo, a cultura, tudo deve ser pensado com as crianças, não são marginais”, pontuou. O plano passa por “estancar” e impedir que as crianças “subam” de nível. No segundo, estão as crianças sinalizadas para, em articulação com a APSi, serem reencaminhadas para apoio psicológico: são aquelas que têm dificuldade em adormecer ou dormem com luz ligada, por exemplo; por fim, no terceiro nível, “um grupo mais pequeno” é acompanhado por pedopsiquiatras.

“Ouvir as crianças”

O dia 1 de junho marca o arranque das comemorações do Dia Mundial da Criança e Adelina Paula Pinto vinca a importância da participação, até porque é uma ferramenta essencial “na criação de cidadãos. “É preciso ouvir as crianças”, reforça. E por isso, uma iniciativa marcada para esta terça-feira, vai colocá-las na mesma sala de membros do executivo. O objetivo passa por “ouvir” e as crianças vão poder partilhar anseios e preocupações com vereadores.

Para além da apresentação de uma música – intitulada “Planeta Azul”, que também tem uma missão de educação ambiental – este dia também vai contar com a apresentação de uma plataforma para aproximar os mais novos com o município. A “Dar vez à tua voz” vai pôr em prática o “princípio básico de treinar a participação de crianças enquanto cidadãs”. Como? Através da colocação de sinalética na página do município que vai deixar as crianças fazerem sugestões ou c críticas, ser, no fundo, um “veículo de participação digital”

De olhos postos nas creches

O rol de iniciativas a acontecer entre dia 1 e dia 4 é extenso e iniciativas como a de troca de ideias entre crianças e representantes de Guimarães estão destinadas a miúdos do pré-escolar (3.º e 4.º anos). Mas Adelina Paula Pinto sublinhou também o trabalho a ser feito com os (ainda mais) jovens. Exemplo: um projeto da Prochild, uma incubadora social, está, segundo a vereadora a colocar Guimarães sob o olhar atento de instituições como a ONU e a UNICEF. “Tivemos, inclusive, uma reunião com a senhora ministra do Trabalho e da Segurança Social, [Ana Mendes Godinho], porque há interesse no que o Prochild está a fazer.

E o que faz? Testes a “um modelo revolucionário” de participação em creches concelhias. Neste momento, em três estabelecimentos concelhios está em curso uma forma de educar distinto. “Financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo, pegamos em três creches na zona de Pevidém e vamos tentar perceber se vai ativar de alguma forma aquelas crianças com um trabalho diferente”, explica a vereadora.

Lembrando que as creches estão sob tutela da Segurança Social, e não do Ministério da Educação, o projeto traz para cima da mesa “um paradigma diferente”. “Uma criança aprende grande parte do vocabulário até aos 3 anos e quando não aprende ali é deficitária, somos da medida do que pensamos. Por muito que o jardim de infância vai corrigindo, muitas vezes não compensa. O trabalho das creches é basilar”, refere.

Este modelo está a ser posto em prática em alguns países da Europa do Norte. Por cá, este “projeto de grande importância” vai ganhando embalo em três estabelecimentos de Pevidém, Gondar e Serzedelo.

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