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ENTREVISTA | Bruno Gaspar: “Somos um grupo que sabe reagir às adversidades”

Tiago Mendes Dias
Desporto \ domingo, outubro 15, 2023
© Direitos reservados
Autor do golo que selou o 3-1 perante o Famalicão, Bruno Gaspar estreou-se a marcar pelo Vitória na sexta temporada de rei ao peito. ENTREVISTA A BRUNO GASPAR.

Soma já um tempo de utilização que ultrapassa o de toda a época passada e diz-se grato ao clube que o projetou como profissional. O lateral direito enaltece ainda a concorrência de Miguel Maga, a energia de Álvaro Pacheco e a coesão do plantel após as várias trocas de treinador e as eliminações da Liga Conferência Europa e da Taça da Liga.

 

Marcou pela primeira vez ao serviço do Vitória no triunfo sobre o Famalicão. Recebeu a bola do Tiago Silva, ficou de caras para a baliza e atirou com calma para o fundo das redes. Qual foi a sensação?

Era um golo que já procurava há algum tempo. Tenho aparecido com bastante frequência na área para cruzar e para tentar rematar. Era algo já trabalhado. O que fazemos nos treinos acontece naturalmente nos jogos. O primeiro golo por esta camisola é sempre especial.

 

O Bruno soma nove jogos oficiais neste início de temporada e 618 minutos. Em toda a época passada, ficou-se pelos 392 minutos. Quando a época começou, acreditava que esta marca seria possível?

Acredito sempre que vou jogar e ser útil à equipa. No ano passado, acreditei da mesma maneira, mas não tive tantas oportunidades. Neste ano, tive-a e aproveitei, mas o mérito é também muito do Maguinha [Miguel Maga], porque é um colega que me obriga a trabalhar todos os dias para estar no máximo. A competição é muito boa dentro da equipa. Há muito mérito do Miguel.

 

Têm então uma boa relação e ajudam-se a crescer um ao outro…

Acima de tudo, respeitamo-nos muito. Ele ajuda-me quando estou a jogar. Tento ajudá-lo no crescimento como jogador, porque ainda é novo [tem 20 anos]. Esta relação só nos beneficia.

 

O Vitória soma 16 pontos em oito jornadas na Liga e é quinto classificado. Por outro lado, foi eliminado da Liga Conferência Europa e da Taça da Liga. E tem vivido sucessivas mudanças de treinador. O plantel tem conseguido lidar com essa instabilidade nas equipas técnicas?

Os pontos falam por si. Temos 16 pontos, o que não é fácil. As eliminações agastaram bastante o moral do grupo, mas este nunca se rendeu e continuou a trabalhar sobre as críticas. O trabalho no campeonato é o resultado do nosso trabalho diário.

 

Aquando da apresentação de Álvaro Pacheco, o presidente do Vitória, António Miguel Cardoso, referiu que a liderança do anterior treinador, Paulo Turra, enfraqueceu. Enquanto jogador, sentiu isso? Sentiu que seria mais difícil ter sucesso caso se mantivesse o estado de coisas?

O que realço, e não falo em particular de cada treinador, é que temos um grupo muito coeso. Sobre as adversidades que tem havido, e são algumas, porque não é normal numa época haver quatro treinadores, mostrámos uma união, uma coesão de grupo, e é isso que temos de levar desde o primeiro jogo da época até ao fim. Somos um grupo que sabe reagir às adversidades.

 

A vitória em Famalicão deu-se na estreia de Álvaro Pacheco. Quais as primeiras impressões do novo treinador?

É um treinador muito positivo, que nos passa muita energia. Tem-nos ajudado bastante e espero que o grupo também o possa ajudar.

Foto: Vitória SC

 Que Bruno Gaspar e que Vitória poderemos ter na época que está por vir? Sente-se confortável neste sistema com três centrais e preparado para uma eventual mudança tática?

Cada jogador tem de estar preparado para render, seja em 4x3x3, seja numa defesa a cinco, seja a lateral direito ou a lateral esquerdo. Temos de estar prontos seja para o que for.

 

Está a viver a segunda passagem pelo Vitória, depois de uma primeira entre 2014 e 2017. Este é o melhor momento desta segunda passagem? Sente estar perto do registo da primeira passagem?

Tenho de trabalhar diariamente para tirar o melhor de mim. Não sei se este é o meu melhor momento da carreira. Não olho a isso. Olho ao trabalho diário e à dedicação.

 

No final da primeira passagem por Guimarães, conseguiu um quarto lugar no campeonato e uma final da Taça de Portugal. Viveu momentos felizes. Sendo um dos elementos mais experientes do plantel, já tentou passar aos mais jovens o significado de conseguirem algo de relevo ao serviço do Vitória?

Toda a gente quer chegar a uma final, queremos grandes resultados, queremos estar nas competições europeias no próximo ano, mas temos trabalhado diariamente, treino sobre treino, jogo após jogo. O mais importante é ter os pés assentes na terra. Pensamos sempre jogo a jogo. No final, fazemos as contas.

 

Afirmou-se no principal campeonato português ao serviço do Vitória. O que é que este clube lhe deu como jogador, depois de um longo período de formação no Benfica?

Foi muito importante para mim ter dado um salto de uma equipa B para um clube como este [em 2014]. Apanhei colegas de equipa fantásticos e treinadores que me ajudaram no meu crescimento. A pressão da massa associativa também me ajudou muito a crescer perante os diversos cenários no Vitória e a melhorar como jogador.

 

Os adeptos do Vitória são rotulados de exigentes. Sentem isso durante os jogos? Ela impulsiona o rendimento ou limita-o?

Na maior parte das vezes, estamos focados no jogo. Estamos tão focados que o que acontece da parte de fora não passa para dentro. Nas pausas ou no final dos jogos, conseguimos ter melhor essa sensação. Mas quando estamos tão focados no jogo e temos tanta coisa em que pensar – como fazer o passe ou uma desmarcação, marcar um jogador, bater uma bola parada – não nos apercebemos do que está fora.

 

Ao longo da carreira, houve treinadores ou colegas de equipa que o marcaram especialmente?

Tive a sorte de todos os treinadores terem tido a capacidade de tirar algo de mim e de me ajudarem enquanto jogador. Menciono o Bruno Lage, que me apanhou na formação do Benfica, e depois o Stefano Pioli, em Itália [na Fiorentina], que me ajudou muito na vertente tática do jogo. Cresci imenso. Quanto a colegas de equipa, o André André é uma figura que tinha estado bem presente na minha primeira passagem pelo Vitória e que, nesta segunda passagem, me ajudou muito. Numa das minhas piores fases, ajudou-me muito e foi muito importante para mim.

 

Como perspetiva o seu futuro aos 30 anos? Cumpre a sexta época no Vitória e tem contrato válido até 2026. Guimarães é a cidade que vê no seu horizonte, mesmo a nível pessoal, ou vislumbra outros projetos, eventualmente mais apetecíveis a nível financeiro?

Estou a desfrutar do momento. Penso no presente. Não penso muito no que vem a seguir.

 

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