Formula Student. Futuros engenheiros vão criar monolugar elétrico de 250kg
A Universidade do Minho está a dar os primeiros passos na Formula Student, disputada anualmente por equipas de estudantes do ensino superior em circuitos famosos de todo o mundo. A chamada FSUMinho junta 32 alunos de vários cursos, que vão preparar as bases para concorrer em 2023 com um protótipo elétrico virtual, além de aumentarem as soft skills e cativarem apoios da indústria. A iniciativa tem o apoio da Pró-reitoria para os Projetos Especiais, da Escola de Engenharia, da Associação Académica e de nove núcleos estudantis (AIS.SC, CeSIUM, GAEB, NAMecUM, NEEB, NEEGIUM, NEEEICUM, NEEMAT, NEFUM).
Foi o ex-presidente do Núcleo de Alunos de Engenharia Mecânica, João Abreu, a lançar a ideia aos colegas Diogo Cunha e Paulo Leão. Os dois fundaram a FSUMinho em 2021, encetaram o recrutamento e formaram as quatro secções: Body (chassis, suspensão, aerodinâmica); ECU (eletrónica, controlo, software); Power train (transmissão, motor); e Management (recursos humanos, comunicação, marketing). “A Formula Student é para quem faz licenciatura ou mestrado, logo eu e o Paulo somos finalistas de Engenharia Mecânica e já não trabalharemos no protótipo final, mas é ótimo contribuirmos para o início de algo maior”, sorri Diogo Cunha. “Estamos a preparar estratégias e dossiês que facilitem a transição entre gerações de alunos que entram e saem, um problema que outras equipas sentem”, salienta.
A FSUMinho está sediada em frente ao Espaço Recurso do campus de Azurém, em Guimarães, numa área cedida pela Reitoria. A equipa tem avançado pormenores técnicos de bateria, pneus e botões do volante. Construiu ainda uma estrutura básica do cockpit, em madeira, para aferir dados ergonómicos como a posição do piloto, da coluna de direção, do volante e dos pedais. “Vamos aplicar todos os conhecimentos adquiridos e, em breve, precisaremos de investir em peças e materiais, equipamentos, formações, inscrições, deslocações…”, admite o responsável.
As equipas alemãs têm parcerias de construtoras como Porsche e Volkswagen. A realidade lusa é diferente. “O Técnico tem 20 anos de experiência e cerca de 300 mil euros por ano para este fim; para começarmos a sério, precisamos pelo menos de 40 mil euros”, justifica Diogo Cunha, para continuar: “Ainda não temos o protótipo do bólide para as empresas saberem onde a sua publicidade ficará no veículo e o que podem ganhar, logo esta fase é a mais difícil para as captar”. A FSUMinho espera a colaboração inicial de interfaces da UMinho, como a TecMinho, e o CVR – Centro para a Valorização de Resíduos, sendo que a Fibrenamics, e o PIEP – Polo de Inovação em Engenharia de Polímeros, já garantiram o seu apoio.
A equipa decidiu criar de raiz um monolugar elétrico de 250kg, recusando um de combustão, por ser “desafiante” e “virado para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”. Cada equipa valoriza um critério a cada ano e o escolhido no Minho foi “robustez”, ou seja, não pensar num bólide ultraleve e veloz, mas sim seguro e firme, para em 2023 se pensar na performance. Por questões logísticas, a FSUMinho tem apenas alunos da Escola de Engenharia, desde as áreas de mecânica, eletrónica, materiais, biológica, informática, gestão industrial e engenharia e gestão de sistemas de informação. Mas no início do próximo ano letivo deve abrir-se a mais cursos da UMinho, como Marketing e Gestão, face aos custos avultados associados e para competir já em circuitos próximos, como Barcelona (Espanha) e Autódromo Riccardo Paletti (Itália). “Não é por ser de Mecânica que sei construir um carro e, às vezes, grandes ideias surgem de outsiders, por isso todos são bem-vindos e, como grupo, cremos que faremos a diferença”, admite Diogo Cunha.
Nesta competição automóvel entre universidades mundiais, em que a conceção, o desenho e o fabrico de um veículo tipo Fórmula envolve apenas alunos estão sete equipas portuguesas: Técnico, Politécnico de Lisboa, Leiria, Coimbra, Aveiro, Porto, Minho. A possibilidade de criar um campeonato português “está ainda longe”.