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Memórias de um Velho Nicolino, por Luís Rocha

Redação
Sociedade \ sexta-feira, novembro 26, 2021
© Direitos reservados
O Jornal de Guimarães publicou, entre domingo e esta sexta-feira, artigos de opinião acerca das Festas Nicolinas escritos por diferentes autores. O sexto e último é de Luís Rocha.

A primeira vez que me lembro de ter contacto com as Nicolinas, remonta ao tempo em que teria uns 6 a 7 anos. Pela mão da minha Mãe, Veiga acima, lá fomos ver o cortejo do Pinheiro.

Uns anos depois, já no início da adolescência, ali na zona das “piscinas”, local aonde vivia, tínhamos por hábito fazer na zona, pela vizinhança, um pequeno cortejo a toque de caixa, realizando um peditório porta a porta, reunindo as ofertas, para usufruir na noite do Pinheiro. Fazíamos isto num misto de alegria e ansiedade, mas nunca retirando o olhar do horizonte, não fossem aqueles barbudos, trajados de preto, estarem por perto e assim nos furarem as peles das caixa e bombos. Só se podia tocar nos ensaios e nos respetivos números Nicolinos. Esta é a primeira memória que tenho sobre a Comissão de Festas Nicolinas.

Tive o privilégio de construir a minha adolescência rodeado de bons amigos, todos Nicolinos de gema, que me permitiram construir parte do Nicolino que fui, sou e serei sempre. A outra parte, essa, descrevo mais à frente

Não poderia escrever as minhas memórias sem referir o tempo em que pertenci à comissão de festas Nicolinas. No entanto gostaria de, tal como sempre fiz, manifestar que: Nicolino é todo o estudante (ou ex-estudante) do ensino secundário Vimaranense. Nada mais, nada menos. Somos todos Nicolinos, herdeiros desta fascinante tradição, independentemente de termos pertencido a uma comissão.

Cedo percebi que pertencer à comissão seria uma honra, um objectivo. Naquele tempo pertencer à comissão, devido a certos exageros e comportamentos, não era muito bem visto por parte da sociedade. Tinha ainda um certo “secretismo”, assim como se de um grupo muito restrito se tratasse, de difícil acesso.

Felizmente cresci, primeiro, com a generosidade e abertura da minha Mãe, que não me impediu de pertencer à comissão. Segundo, muitos destes meus amigos da adolescência seguiram igual caminho, em 1993, 1994, 1995 e 1996. Tudo isto contribuiu para que a vontade aumentasse e para que a esperança de pertencer a uma comissão não esmorecesse.

Corria o ano de 1996 quando o sonho esteve perto de se concretizar, o que acabou por não acontecer. Seria então em 1997 que, aquilo que ainda hoje cresce em mim, sentimento inexplicável, germinaria…. Este sentimento que nasce do desejo e da vontade de poder ter a possibilidade de contribuir para que a tradição continuasse, mas desta vez, de uma forma mais direta e pessoal: pertencer à comissão de festas Nicolinas.

Em 1997 tive a felicidade de integrar a comissão, e melhor ainda, juntamente com amigos, da referida adolescência: O Puto e o Alemão. Nesse tempo não existiam eleições, simplesmente aparecíamos.

Acompanhado pelo meu amigo Escaxa (Tiago Guimarães, comissão 96), velho Nicolino que ajudou a construir a comissão 97, lá me apresentei à hora marcada para conhecer o presidente (Tó Lobo) e restante comissão. Surge me logo à frente um primo (Ricardo Lobo) e um amigo de infância (Nuno Pinto), com os restantes não tinha qualquer tipo de relação, foram eles o Miguel, Zé, Macieira e Piri.
No que a relacionamentos próximos diz respeito, volatizou rapidamente…. Ao final do primeiro dia de actividade (entenda-se peditórios) eramos todos – incrível- “amigos de longa data” …… o sentimento de pertença era tal que me dão arrepios enquanto escrevo isto. Afinal, todos sabíamos, que nos tocava a nós fazer as melhores Festas Nicolinas de sempre, bem como trabalhar arduamente para que a imagem da comissão fosse melhorando cada vez mais.

Vestir o traje…… lembram-se quando éramos miúdos e não conseguíamos adormecer na véspera de uma visita de estudo ou evento parecido? Igual…. Seria o dia em que Guimarães testemunharia e abençoaria a comissão desse ano. O orgulho e emoção que senti quando nesse dia entrei no Liceu… Quando pelas ruas de Guimarães se ouvia: “Sãos os Nicolinos”, ou então “Não são universitários nada, são os Nicolinos” … Saudades…….

 

Sem dúvida que muitos dos melhores momentos vividos, foram quando realizávamos os Peditórios. Teríamos histórias para escrever vários livros.

Primeiro dia de peditórios, metade da comissão para Felgueiras a outra para Fafe. Fui para Fafe. Como era uma área grande fomos para lá mais do que um dia. Não me recordo se foi no primeiro ou segundo dia, ao bater à porta de uma pequena casa com o habitual “ Boa noite, nós somos da comissão de festas Nicolinas e andamos a realizar o tradicional peditório” sai uma senhora, claramente descontrolada, com uma faca na mão, em passo apressado, na nossa direção (andávamos maioritariamente em pares), minha e do Miguel. Começamos aí a perceber as mil e uma funções que a capa do traje tem – aqui serviu de escudo para o que desse e viesse – Felizmente nada de grave aconteceu.

 

Grave foi quando chegamos de Fafe, primeiro dia de peditórios, ao local acordado com o presidente. Já lá estavam os que foram para Felgueiras, com cara de poucos amigos, pior só mesmo a do presidente…. O peditório tinha sido muito fraco, ao contrário do nosso, que tinha sido muito bom. De nada valeu, recebemos todos uns incentivos 3 estrelas (rotulo cinza, salvo erro) antes de jantar. Jantar esse que por norma acontecia tarde, pois os peditórios à noite eram realizados à hora de jantar.

 

Por falar em jantar, uma das coisas que me lembro bem, especialmente em apartamentos, era o cheiro a comida que cada casa emanava assim que a porta se abria, e nós, pois claro, ainda sem jantar e com muitos Km já nas pernas. Se necessário fosse, nada que um elogio ao cheiro não resolvesse, ou então como muitas vezes acontecia, eramos convidados a comer qualquer coisa. Raramente o aceitávamos, o relógio não para e o peditório tinha de ser feito.

Andávamos muito. Durante o dia, nos períodos em que não tínhamos aulas, o peditório era feito ao comércio e empresas, de noite fazíamos as residências. Eram estradas nacionais, avenidas, vielas, íamos a tolo lado. Fiquei a conhecer os arredores de uma forma que acho que nunca conheceria a não ser em circunstâncias idênticas.

Tudo isto era feito à boleia, mesmo quando íamos de carro, especialmente durante o dia, rara era a vez que não pedíamos boleia para voltar ao carro, tal era a distância percorrida. Mesmo em dias de chuva, por vezes forte, lá íamos nós, fazendo da capa do traje, o nosso guarda chuva improvisado.

Certo dia, da parte de tarde, fazíamos peditório em Delães quando entramos num restaurante, tipo tasco, e somos convidados a lanchar. Recusamos educadamente pois tínhamos ainda muito km pela frente…. de nada adiantou, saímos umas horas depois, já com chouriça assada, presunto e um belo espadal no bucho. Acompanhado de um generoso donativo, demos então por terminado o peditório dessa tarde.

Sempre que nos aproximávamos de uma casa, em que o terreno fosse grande, normalmente murada a toda a volta, a estratégia era sempre a mesma:

  1. Olhar à volta e procurar um local (normalmente o próprio muro da casa) para fugir caso o portão se abrisse e os cães saíssem.

  2. Tocar à campainha e assim que atendessem, sem perder 1 segundo, pedir imediatamente para não abrirem o portão, só depois vinha o boa noite….. Acontecia muitas vezes, mal se tocasse à campainha, o portão abrir. O caso mais complicado foi em Moreira de Cónegos, saíram uns 5 ou 6 cães, de porte grande. Acabamos todos pendurados no muro, até que recolhessem os cães.

 

Já para as casas com terreno grande que não fossem muradas a estratégia alterava um bocado:

 

  1. Olhar à volta e procurar o tal refúgio

  2. Capa do traje dobrada no braço, para servir de escudo, se necessário fosse.

  3. Caso não avistássemos cães, íamos entrando devagar em direção à porta, assobiando ou emitindo os típicos sons para chamar os cães, não fossem eles estar a dormir e nos apanhar desprevenidos.

 

Já para abrir a porta de entrada dos prédios, começávamos por olhar as janelas que tinham luz, seriam a primeira tentativa. Caso ninguém atendesse, tocávamos em várias ao mesmo tempo, resultando numa das seguintes situações:

- Abriam logo sem perguntar nada (mais raro).

- Desligavam sem abrir.

- Abriam a porta (maioria das vezes).

- Questionário exaustivo (normalmente outro vizinho, que, entretanto, também entrava na “conferencia” das campainhas, cansava-se também ele do questionário e abria).

Sem dúvida que das coisas que mais saudades sinto tem que ver com a vida interna da comissão. Chegar depois dos peditórios aos trovadores do Cano para jantar, enquanto a capa secava perto da salamandra, partilhar as peripécias do dia e terminar na sede, um rés-do-chão gentilmente cedido pelo gabinete de imprensa, situado no edifício medieval na Praça Santiago. Aqui reuníamos, brindávamos e recitávamos oitavas de Pregões antigos, principalmente a oitava do “Povo de Guimarães! Ó meu povinho!…”.

Nestas reuniões recebíamos, por vezes, a visita de velhos Nicolinos (membros de anteriores comissões) onde se partilhavam histórias, conselhos e sobretudo amizade.

A reunião que todas as semanas eu mais ansiava era a de sexta feira, realizada para receber os velhos Nicolinos. Adorava estas reuniões porque eramos postos à prova quanto às nossas intenções. Tínhamos o privilégio de ouvir conselhos e de no fundo conviver com aqueles que por lá tinham passado antes de nós. Um dos pontos altos da noite, era sem dúvida, quando recitávamos oitavas de pregões antigos para uma plateia constituída também, por anteriores pregoeiros. Eram nestas reuniões que se iam eliminando os candidatos a pregoeiro, até ficarem apenas 2.

Chega então o dia mais longo do ano, cerca de 2 longos meses depois, aquele que começaria a evidenciar todo o trabalho, esforço e dedicação empregue até então: O Pinheiro.

O dia começava cedo, após uma noite mal dormida, ponto de encontro: “Monte do Sr. Martins de Aldão” (quinta de Aldão), como carinhosamente nos referíamos ao local. Por volta das 7, 8 horas, juntamente com os lavradores, o pinheiro era cortado com a ajuda de motosserra, cordas e uma junta de bois. Seguiria depois, puxado pela mesma junta, para o seu local junto ao Campo de S. Mamede. Aqui ficava, guardado pela comissão, até ao início do cortejo, umas horas mais tarde. Havia ainda muito que fazer, colocar o festão e os balões no pinheiro e assim que chegassem as juntas de bois, tratar de colocar as piadas, pintadas em placas de madeira, bem como o altar para “o” Minerva.

Por volta das 23:00 – 23:30 eram lançados os foguetes e o cortejo estava oficialmente em movimento. Engraçado, que numa das noites mais esperadas por todos, praticamente não usufruímos do momento. Ali estávamos nós, uns miúdos, no meio de dezenas de milhares de pessoas, em que a tarefa principal era tentar ter sempre o cortejo em movimento, não sei quantas vezes atravessei o cortejo de uma ponta a outra. Tínhamos tochas para serem usadas sempre que fosse necessário abrir caminho, especialmente quando uma ambulância era necessária.

Chegados ao local aonde o pinheiro seria erguido, junto à Igreja de São Gualter, a sensação de dever cumprindo começava a nascer, mas faltava ainda erguer o Pinheiro. Após retirarmos um conhecido amigo do buraco, que caíra momentos antes, após ter sido empurrado, as manobras da grua continuaram e o Pinheiro estava erguido. Lembro se ficar parado (congelado) alguns momentos, a contemplar a árvore, e a viver umas das maiores emoções da minha vida, é inexplicável o que se sente, mas será perto de: Gratidão, orgulho, honra … um sentimento completo de realização. Depois foi, aí sim, usufruir da noite do Pinheiro, ou do que restava dela. Era tempo de juntamente com a restante comissão, sem eles não teria sido possível, comemorarmos o primeiro grande desafio alcançado. Abraçados à volta do pinheiro, entre lagrimas e sorrisos, era notório no olhar de cada um a cumplicidade única que sentíamos naquele momento, eramos uma autêntica família. Simbolicamente, todos ou praticamente todos, enterramos a t-shirt vestida nessa noite, junto com o Pinheiro. Depois era tempo de cear qualquer coisa, mas as foças já não eram muitas. Não me recordo ao certo, mas penso que fui dormir pouco tempo depois.

 

Seguiam se o resto dos números, todos eles, fantásticos.

 

Esta semana de festas, foi na realidade, a semana onde usufruímos mais das festas. No meu caso, destaco o dia do Pregão, pois fui o pregoeiro. Um dia cheio de emoções, começando pelo almoço oferecido pelo autor do pregão, Rui Melo, seguido do habitual cortejo pelas ruas da cidade. Ter a responsabilidade de em nome da comissão me dirigir à cidade era também um privilégio. Em cada varanda ou janela, o nervosinho miudinho acabava assim que que começava a recitar: “Silencio! Chegou o teu pregoeiro…”.

Todos aqueles ensaios com os velhos, especialmente aquele que na altura se fazia, lá para os lados de Pevidém, em casa dos Coelhos, tinham compensado. Nessa noite, eu e o Macieira (meu ponto) adormecemos no final do ensaio, tal era o cansaço, enquanto os velhos continuavam a confraternizar.

Voltando ao dia do pregão, terminaríamos o dia a jantar o habitual pica no chão (obrigado Mãe, obrigado tia Fatinha) na garagem de minha casa, pequena, mas aonde cabiam todos. Mais um convívio entre comissão e velhos Nicolinos, não existiria melhor forma de terminar este dia especial.

Tive o privilégio de fazer este percurso com uma comissão fantástica, obrigado a todos por isso.

O texto já vai longo, mas não posso parar de escrever, pois a minha história na comissão, ou melhor, comissões, não termina aqui.

 

Naquele tempo não existiam as eleições como as conhecemos hoje. Estávamos um dia na sede e o presidente disse nos: “daqui tem de sair o presidente para 1998, por isso escrevam num papel o nome da pessoa que gostariam de eleger.” E assim foi, sem candidatos, todos nós fomos apanhados de surpresa. Acabei eleito.

A responsabilidade agora era acrescida, para além das festas em si, teria agora de coordenar pessoas. O desafio para que atingissem, todos, os seus objetivos. Na minha cabeça era tudo feito baseado na premissa: Fazer as melhores festas de sempre e que todos os elementos da comissão saíssem orgulhosos dos seus feitos. Que tivessem a oportunidade de viver tudo aquilo que eu vivi.

Em 1998, juntamente com o Caldeira, Zé Alexandre, Guilherme, Luís Russo, Spul, Zé Maria e Couto, demos início aos trabalhos. O meu muito obrigado a todos eles.

 

Decidimos recuperar as roubalheiras, que não eram feitas há uns anos (penso que a última tinha sido em 1995), noite memorável. A cidade a acordar e nós a jogar futebol em pleno largo do Toural, com as balizas desviadas do campo do Cano, e com um relvado, colorido, composto pelas muitas carpetes natalícias existentes, à porta das lojas, nesta altura do ano.

 

Neste ano, não pudemos contar com a ajuda habitual na escrita do pregão. Após alguma diligencias falhadas, chegamos à dura conclusão que tínhamos nós de escrever o pregão e praticamente em tempo recorde. Juntamente com o meu amigo Neina (José Ribeiro, comissão 96) e com o Rui (recomendado por elementos da comissão) lá escrevemos o pregão. O Rui viria a integrar a comissão em 99. Muito obrigado a ambos.

Foi também em 1998 que decidimos substituir, no Pregão e Maçãzinhas, as carrinhas de caixa aberta por coches puxados a cavalo. Tudo para embelezar ainda mais as festas.

Em 1999, sou novamente o presidente. Os objetivos continuavam os mesmos. Fazer sempre melhor.

Juntamente com o Dino, Luís Russo (aqui já velho Nicolino), Rui, Pedro Russo, Adelino, Becas, Frank, Vina e o Fumega demos início aos trabalhos. O meu muito obrigado a todos eles.

Torna-se difícil resumir tantas histórias, pelo que vou recordar algumas que são transversais às 2 comissões.

Tivemos momentos fantásticos, as noitadas passadas no telheiro, com mesa “reservada” sempre junto da salamandra, os almoços/lanches na casa do Sr. Silva (representante dos lavradores) aonde também pintávamos a piadas para a noite do Pinheiro, as tainadas na sede com tudo a que tínhamos direito.

Enquanto presidente tive 2 comissões igualmente fantásticas. Havia um pequenino, com uma treta…… O “Playboy”, como carinhosamente o tratava, vice-presidente 1998, contagiava tudo, era impossível resistir aquele sorriso, Zé Alexandre…aonde quer que estejas, nunca estarás sozinho, estarás sempre nos nossos corações. Não sei quando, muito menos aonde, mas ainda haveremos de fazer muitos Filinto Elísios.

Para terminar, isto já vai longo, mas muito curto para o que poderia ainda ser escrito, gostava de agradecer a todos os velhos que em muitos momentos me ajudaram a percorrer este meu caminho.

À data em que escrevo isto, 24 anos depois da minha entrada na comissão, continuo a conviver, de uma forma ou outra, com muitos destes companheiros de comissão, com mutos velhos do meu tempo, bem como com velhos mais novos, muitos deles ainda não nascidos à data. Isto é demonstrativo do que o espírito Nicolino faz.

Despeço-me com uma memória, que na realidade, corresponde literalmente à última que tenho enquanto membro de uma comissão.

 

Tivemos em 1999 um baile memorável, no final, já madrugada adentro, fomos comprar cerveja e latas de salsichas à bomba e rumamos à Penha. Virados para a cidade, assando as salsichas numa fogueira entretanto improvisada, vimos o dia nascer sobre a cidade, a nossa cidade, a cidade das Nicolinas. Tinha chegado ao fim….

 

 

Guimarães, 26 de novembro de 2021

Luís Miguel Batista Rocha

Vice-presidente/ Pregoeiro 1997

Presidente 1998/1999

Sócio nº 14 da ACFN

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