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Guimarães
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300 anos de um linda história...

Paulo Mateus
Opinião \ quinta-feira, julho 22, 2021
© Direitos reservados
1720 Quinta da Cancela é um espaço de turismo rural que merece a nossa visita ou mesmo uma pernoita.

Guimarães é um concelho cheio de surpresas: não precisamos de ir palmilhar quilómetros, quando temos tão perto espaços maravilhosos a descobrir e desfrutar. Desde já aviso, quem não for amante de bons vinhos ou de turismo de charme em quintas rurais, não leia este artigo e passe para a página seguinte.


1720 Quinta da Cancela é um espaço de turismo rural que merece a nossa visita ou mesmo uma pernoita. Uma quinta datada do século XVIII (1720), já na sexta geração de proprietários que, com saber, dedicação e muita paixão, vai mantendo a história e cuida do legado deste belíssimo espaço.


Juliana e Arthur são mestres na arte de bem receber, fazem-no com o carinho e a simpatia de quem gosta de proporcionar momentos agradáveis, relaxantes, com muito “calor humano”, como dizia o meu pai quando via a sua casa da beira cheia de família.
A quinta oferece um enoturismo completo, permitindo ao visitante usufruir da quinta para fazer um wine tasting no novíssimo wine lounge, um contentor enquadrado na paisagem com decoração criativa, funcional e cheia de imaginação. O visitante pode cozinhar, marcar uma refeição, fazer piqueniques nas vinhas, adquirindo a cesta na quinta ou levando a sua cesta e o vinho, ou pode simplesmente, beber um copo de vinho tinto verde acompanhado de umas empadas de leitão ou de um sushi com um suave rosé e relaxar depois de um dia de trabalho. Há programas especiais para empresas que queiram marcar um wine sunset e proporcionar aos seus colaboradores um fim de tarde diferente, passear entre as vinhas e descobrir as diferenças entre as castas Merlot, Alicante Bouschet, Syrah ou a típica casta Vinhão, ou não estivéssemos na zona dos vinhos verdes.


Os vinhos HEMJ são produzidos em pequena escala, com criteriosa seleção das uvas e com todo um método tradicional de vinificação, desde o desengace, pisa das uvas, prensagem e fermentação. Vinhos agradáveis na boca, com uma acidez não muito acentuada, fáceis de beber e com um final de boca que surpreende. Podem ter algum depósito, por se tratar de vinhos não estabilizados e não filtrados. Em Setembro é possível participar nas vindimas, pisar uvas no lagar e ajudar na produção do vinho.


Uma outra vertente da Quinta é o alojamento. Tem ao dispor quartos antigos, com mobiliário e decoração de época ou quartos modernos, numa cottage, onde coabitam lado a lado a antiguidade da pedra e da madeira com materiais e mobiliário modernos. Ao visitar um dos quartos apeteceu-me deitar na cama, dormir não para descansar, mas para sonhar.


Dentro da propriedade pode usufruir de uma piscina natural e de vários recantos para descansar, relaxar, apreciar o sossego e respirar o ar do campo tão perto da cidade.
 
Se o visitante quiser sentar-se e ler um pouco, existe uma sala de leitura, podendo vaguear por entre dezenas de volumes, adquiridos pelo bisavô do atual proprietário e dos quais se destaca uma coleção de livros de Eça de Queirós. O autor que em A Cidade e as Serras deixava esta nota sobre o vinho que bem pode adaptar-se ao produzido nesta Quinta: “Caindo do alto, da bojuda infusa verde – um vinho fresco, esperto, seivoso, e tendo mais alma, entrando mais na alma, que muito poema ou livro santo.”
1720 Quinta da Cancela marca a diferença pela tradição familiar e pela arte de receber e servir vinhos com paixão.

Nota: artigo de opinião originalmente publicado na edição #04 do Jornal de Guimarães, a 16 de julho de 2021

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