A dança dos treinadores ao som da incompetência
Vai ser disputada este fim-de-semana a 22.ª jornada da I Liga de futebol em Portugal que marcará a chegada do 30.º e do 31.º treinador a disputar a prova esta época. Este número pode parecer estranho mas reflete, de facto, a realidade numa competição de 18 cubes. Rui Ferreira no Aves SAD e Lito Vidigal no Boavista são apenas os dois últimos protagonistas desta roda viva de entradas e saídas naquela que é, em Portugal, talvez a profissão onde se permanece menos tempo com a mesma entidade patronal. Até ao momento, e ainda não entramos sequer na fase da prova em que tudo se vai decidir e que, historicamente, há mais tendência para ‘chicotadas psicológicas’ e são apenas cinco os clubes que mantêm o treinador com que arrancaram a prova: Moreirense, Estoril, Nacional, Santa Clara e Casa Pia. Se há, em pelo menos dois casos, em que a troca de treinadores era algo que as administrações não poderiam evitar, e foram fruto do sucesso (Rúben Amorim no Sporting e Rui Borges no Vitória), as restantes denotam, na minha leitura, um rotundo falhanço nas escolhas.
É certo que todos acertamos no totobola à segunda-feira mas um planeamento profissional, pensado, com uma ideia daquilo que se quer tem, por obrigação, de demonstrar menos erros nas escolhas. Quando uma administração de uma sociedade desportiva avança para a escolha de um alto quadro como é o caso do treinador deve ponderar tudo o que está em causa. Desde os recursos humanos que tem à disposição, neste caso os jogadores, do estilo de jogo que se adequa a esses atletas e a própria política do clube que, muitas vezes, não é tida em conta na hora de escolher.
Depois, claro, há a responsabilidade do treinador ao aceitar o cargo. Muitas vezes, talvez com a ânsia de voltar ao ativo, de mostrar de novo trabalho, o ‘mister’ acaba por encabeçar projetos e liderar equipas que não se adequam ao estilo de jogo que defende ou áquilo que preconiza para a sua forma de estar.
E quando a bola não entra e o resultado não aparece a corda rompe sempre para o lado do mais periclitante que é o treinador, na maioria das vezes o bode expiatório das más decisões de quem manda no clube.
Outro dado interessante prende-se com uma certa rotatividade que chegou a existir no futebol português onde os treinadores eram quase sempre os mesmos e iam saltando de clube para clube. Esta época, dos 31 treinadores da I Liga 12 fizeram a sua estreia neste escalão. É um sinal positivo, de rejuvenescimento, e de que as oportunidades não são sempre para os mesmos. Vítor Bruno, Cristiano Bacci, Ian Cathro, Gonzalo Garcia, João Pereira (Casa Pia), Vasco Matos, Tiago Margarido, José Faria, João Pereira (Sporting), Hugo Oliveira, Martin Anselmi e Rui Ferreira são nomes que, uns mais do que outros, vamo-nos habituar a ouvir falar nos próximos anos na I Liga.
Números e nomes que, até maio, irão com toda a certeza sofrer atualizações.
A incompetência de uns e de outros e a bola que entra ou bate no poste farão as suas leis.