A paixão pelos clubes não pode adormecer quatro meses
Terminou há dias a primeira fase do Campeonato de Portugal, a quarta divisão do futebol nacional, e acabou também a época para a maioria dos clubes que nele participaram. Uma prova ingrata, com um quadro competitivo injusto, e que não potencia a atividade desportiva do campeonato mais abrangente do território nacional.
Uma prova de 56 clubes onde apenas quatro conseguem a promoção ao patamar superior, onde 32 se mantêm e onde 20 caem aos distritais. São quatro séries de 14 equipas com a despromoção de 5, onde sete se mantêm e duas vão acalentar esperança de subida. Uma prova que a meio começa a ficar com clubes condenados à descida, que perde competitividade e, dos 14 que à partida estão em cada série, só meia dúzia chega à reta final do campeonato a lutar por objetivos concretos.
O Campeonato de Portugal é amador, em teoria, mas quem observar bem os plantéis que o compõem repara que há muitos jogadores estrangeiros que vivem como profissionais, mas sem as condições dignas do nome. Que de 20 de agosto a 7 de abril têm competição, mas depois estão quatro meses a ver passar os comboios.
É inaceitável que a prova esteja quatro meses parada sem que os clubes possam competir, sem atrair adeptos, apoios, que estejam com as portas fechadas. Que outro campeonato de futebol em Portugal está quatro meses parado? Nenhum. Só mesmo a quarta divisão para onde ainda não se olha com a atenção merecida. É a prova que verdadeiramente chega a todos os pontos da geografia portuguesa mas que a nem todos os clubes conseguem aceder. Todos os anos há clubes que vencem as provas distritais mas abdicam de participar no Campeonato de Portugal porque não conseguem obedecer a tudo o que lhes é exigido.
Nesta época que agora finda oito equipas conseguiram o apuramento para a fase de subida. Por distritos, uma de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Santarém, Açores, Setúbal e Algarve. Mantiveram-se 7 equipas do Porto, 4 de Braga, duas da Madeira, Setúbal, Leiria, Lisboa e Castelo Branco e uma de Vila Real, Coimbra, Viseu, Évora, Algarve, Portalegre e Beja.
Desceram três do Porto, duas de Vila Real, Açores e Lisboa, e uma de Bragança, Madeira, Aveiro, Viseu, Castelo Branco, Guarda, Santarém, Évora, Beja e Algarve.
Também por aqui se nota que os distritos mais longe dos grandes centros são mais fustigados pelas descidas.
O Campeonato de Portugal pode ser um campeonato verdadeiramente competitivo, pode unir as populações locais aos seus clubes, mas só se for olhado de outra forma e proporcionar a todas estas regiões uma verdadeira festa futebolística. A paixão está nos adeptos que respondem sempre presente quando são motivados. Não podem é fazer essa paixão esperar quatro meses todos os anos.