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Apoiar mas não impor o futebol no feminino

Carlos Rui Abreu
Opinião \ sábado, setembro 30, 2023
© Direitos reservados
É que esta obsessão por colocar no feminino apenas mulheres não valoriza as grandes competições porque esse princípio de igualdade que defendem fica ferido de morte.

Nos últimos anos a Federação Portuguesa de Futebol tem criado muitos incentivos para dinamizar a prática de futebol e futsal entre as mulheres. O trabalho está à vista e a evolução dos clubes, e, por conseguinte, das seleções nacionais, é notória. Há, contudo, um perigo de se pecar pelo exagero das medidas e de adulterar a tão propalada igualdade que se quer defender. Admitindo que há ainda um longo caminho a percorrer, e muita pedra para partir, o futebol e o futsal feminino de alta competição têm de ser olhados já como iguais entre as competições semelhantes no masculino.  Compreendendo que nos escalões de formação haja um filtro para incentivar a presença de mulheres como treinadoras, dirigentes e árbitras, nas maiores competições seniores deve prevalecer o mérito, independentemente do género. Mais amiúde se tem visto nas grandes competições masculinas a presença de árbitras e árbitras assistentes, de mulheres dirigentes, de treinadoras qualificadas, de jornalistas, enfim, o caminho não está fechado para essas aparições num meio que ainda está muito masculinizado.

Mas aqui, como em qualquer área da sociedade, deve prevalecer o critério do mérito e nunca o facto de ser ou não ser mulher. Não deve a Federação Portuguesa de Futebol escolher árbitras para jogos importantes de futebol ou futsal feminino apenas porque são mulheres. Deve escolher porque são as mais capazes para aqueles momentos. Da mesma forma que para as ligas profissionais de futebol masculino o quadro de árbitros deve ser composto pelos melhores, sejam homens ou mulheres.

É que esta obsessão por colocar no feminino apenas mulheres não valoriza as grandes competições porque esse princípio de igualdade que defendem fica ferido de morte quando a ele não está associado o mérito e a qualidade.      

A FPF vai dar mil euros por época aos clubes do futebol e futsal não profissional que tenham uma treinadora com título profissional nas fichas de pelo menos 80% dos jogos da época. Sabendo nós da debilidade financeira da maioria destes clubes, será fácil de perceber que muitos vão andar à procura de treinadoras para terem mais este patrocínio. Treinadoras essas que, em muitos casos, poderão estar a tirar o lugar a homens mais competentes.  Se é para haver igualdade que não haja esta desigualdade. Não ganha a competência, ganha o género.

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