Oposições encarniçadas
A assembleia do Vitória aprovou, ontem, sexta-feira, por 250 votos a favor e 150 contra, a autorização à Direção para alterar os estatutos da Vitória SAD que consagra uma maioria de 60% na aprovação e fiscalização das contas e dos orçamentos. Foi, porém, uma assembleia muito difícil para a Direção que não preparou bem uma alteração que devia ser totalmente pacífica depois de terem sido vendidos 46% a um investidor estrangeiro. Como é evidente, esse investidor exigiu ter controle sobre as contas e orçamentos. As oposições vitorianas muito encarniçadas usaram tudo. Que foram vendidos 46% e o poder do investidor estrangeiro ia ser de 60%, afirmou-se, defendendo-se que os 51% do Vitória deviam valer 100%. É certo que o Conselho Vitoriano ao falar de “dúvidas” sem contrapor nada e a passividade do Presidente da AG ao deixar falar de tudo e de nada, também não ajudou.
Valeu o bom senso dos sócios que só ouviram e não falaram. Votaram. O VSC precisa de estabilidade e seria uma total instabilidade se a proposta fosse recusada. O gritar muito alto não chega para se ter razão.
Moreno
A época ainda não tinha começado e o Vitória promovia Moreno a treinador principal após a rutura com Pepa, previsto inicialmente para continuar. Herdou assim uma pré-época que não tinha liderado. É certo que tinha realizado um ótimo trabalho na equipa B, estava já há alguns anos na equipa técnica principal, mas mesmo para a B nunca tinha sido a 1ª escolha.
A opção Moreno, treinador principal, pareceu de risco e provisória. Assim tinha sido sempre na história vitoriana. Praticamente, em cem anos, não havia exemplos de ex-jogadores promovidos a treinadores.
Moreno é da terra, começou criança nas escolas, dispensado como tantos, andou pelo clube da sua freguesia “Amigos de Urgezes”, seguiu-se a saga dos empréstimos, do Macedo de Cavaleiros ao Taipas, neste último onde se distinguiu como jogador a aproveitar para o primeiro plantel pós Pimenta Machado, formado por Manuel Machado que o conhecia da formação. Faz uma longa carreira de mais de uma década a jogar, sai para o Leicester e Nacional, regressa, é sempre um baluarte em várias épocas, é dezoito anos depois treinador principal e líder de um projeto.
Nuno Leite, numa entrevista, anunciou que Moreno é o treinador para o mandato. Na instabilidade que é o futebol, pareceu afirmação só para motivar, estimular, responsabilizar. Vai ser mesmo verdade. O Vitória precisa de estabilidade de gestão e de projeto desportivo. A continuidade da liderança técnica é fundamental, mas sabemos que só possível com resultados.
Moreno teve-os. Na valorização de talentos e vai conquistar o “nosso” título, o 5º lugar.