Capital Verde Europeia – à terceira será de vez?
“O júri coroou Vilnius como a vencedora da Capital Verde Europeia de 2025 e gostou especialmente da sua abordagem prática. O seu lema "Vilnius - the greenest city in the making" (Vilnius - a cidade mais verde em construção) é orientado por uma visão clara e ações tangíveis”. refere o comunicado da Direção-Geral do Ambiente da Comissão Europeia.
Com muito expectativa aguardava-se o resultado desta candidatura, reforçada pelo constante relembrar de como esta distinção iria mudar a vida dos vimaranenses. Não tendo ainda sido desta vez, apesar de já melhor colocados, propõe-se continuar, no seguimento da popular filosofia de que “à terceira é de vez”.
Uma primeira nota para felicitar as coordenadoras da candidatura – na parte politica a vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Dra. Adelina Pinto, e na parte técnica a Prof. Isabel Loureiro, que permitiu apresentar uma candidatura mais consistente e sustentada. Entendendo ainda o equilíbrio geográfico entre regiões, não retirando de todo o mérito a Vilnius, ainda se tornava mais difícil quando a Capital Europeia Verde de 2024 será Valencia.
Vamos, agora, à intenção manifestada da terceira candidatura. Obviamente não será pelo prémio (600 mil euros), pois esse seguramente se esgota nas três candidaturas e suportes técnicos e administrativos que o envolvem. Certamente também pretende ser uma referencia de mandato, tal como a Capital Europeia da Cultura foi para António Magalhães, mas, enfim, que impacto terá para os vimaranenses este desiderato?
“O júri reconheceu que Vilnius conseguiu reduzir as emissões através de várias medidas, como o aumento das fontes de energia renováveis e a renovação das infraestruturas de aquecimento, com o objetivo de se tornar neutra para o clima até 2030”.
Detalhemo-nos nos pontos evidenciados por Vilnius – o aumento das fontes de energia renováveis e a renovação das infraestruturas de aquecimento, com o objetivo de se tornar neutra para o clima até 2030. Alguma medida para o cidadão comum de Guimarães que promova estes objetivos?
“A cidade entrelaça os seus esforços de sustentabilidade com a felicidade dos seus residentes, ligando iniciativas de ar limpo, água limpa, preservação da biodiversidade, espaços verdes e muito mais”
Ou o entrelaçar dos esforços de sustentabilidade com a felicidade dos seus residentes, ligando iniciativas de ar limpo, água limpa, preservação da biodiversidade, espaços verdes e muito mais. Aqui reconhecemos um maior esforço na preservação da biodiversidade e na limpeza de espaços e rios, que convém valorizar e não prejudicar com soluções menos bem conseguidas, como o acesso ao AvePark.
“A abordagem tecnológica de Vilnius ao envolvimento e participação dos cidadãos é inovadora, utilizando uma aplicação para os cidadãos se envolverem em todas as áreas relevantes da gestão e planeamento da cidade.”
Não tendo sido por acaso que Vilnius obteve o terceiro lugar da Capital Europeia de Inovação, em 2021, foi realçada a sua abordagem tecnológica no envolvimento e participação dos cidadãos, dando assim relevância ao facto de que esta tipologia de candidaturas se deve fazer mais numa proximidade ao cidadão, para obter a sua felicidade, e menos numa perspetiva organizacional ou institucional que, após os momentos de gloria, nos deixam significativos encargos.
Aliás seria bom, em nome da transparência, conhecer os custos para os vimaranenses dos objetivos que esta candidatura também persegue, o da neutralidade carbónica em 2030. Porque se a obtivermos, seguramente teremos também maiores acessibilidades (em particular na via férrea e ligação aos grandes centros urbanos), maior captação de empresas qualificadas da economia verde, maior fixação de população (jovem) e condições habitacionais dentro deste desígnio, enfim, saberemos ao que vamos e as suas premissas. Seguiremos Vilnius com o cidadão participativo e feliz.