Para lá do Marão, mandam os que lá estão…
Cantava há uns bons anos, o Duo Ouro Negro, formado por Raul Indipwo e Milo MacMahon, uma célebre música, “Maria Rita, Maria Rita… Eu pergunto à multidão, mas ninguém a viu passar…Maria Rita, Maria Rita”, um êxito musical de um Duo angolano pioneiro do multiculturalismo.
Ouvia esta música num single que colocava a rodar no meu gira-discos, a mesma veio à minha memória (já sou um pouco velhinho, não há travão que pare o tempo), quando há dias fui comer ao aconchegante restaurante Maria Rita, em Jerusalém do Romeu. O lugar é encantador, com uma decoração muito própria, proporcionando um ambiente acolhedor, romântico, rústico e clássico. Ao entrarmos no restaurante temos sensação que entramos noutra época, faz lembrar um velho solar de família, tipicamente transmontano. A aldeia onde o restaurante está inserido é pitoresca e respira paz própria de uma aldeia do interior de Portugal
O restaurante e a Quinta da Romeu pertencem aos descendentes de Clemente Menéres, um comerciante de vinhos e cortiça, que se apaixona por Trás -os -Montes, quando procurava sobreiros que não estavam a ser explorados.
“Cheguei à povoação do Romeu às 4 horas da tarde do dia 18 de Maio de 1874. Procurei uma estalagem e encontrei a única que lá existia e que era da Sr.ª Maria Rita que, por signal, nada tinha que nos dar de comer. Mandei então assar bacalhau, acompanhado, a primeira vez para mim, de pão negro de centeio.” (Clemente Menéres 40 Anos de Trás os Montes, 1915).
O Maria Rita é um restaurante onde a comida tradicional do nosso país, em especial da região transmontana, é respeitada e celebrada em cada prato que vai para a mesa. Dá gosto saborear a fantástica comida que ali é servida e que nos leva numa verdadeira viagem de sabores autênticos, tão esquecidos que andam atualmente nos pratos de muitos restaurantes de norte a sul deste cantinho à beira-mar plantado.
Comida como a do Maria Rita faz falta, simples, autêntica, carregada de sabores, temperos e sentidos apurados e muita história. Podemos degustar diferentes pratos no Maria Rita que podem tornar toda a experiência gastronómica verdadeiramente imperdível. Recomendo vivamente, além de uma deliciosa alheira de Mirandela como entrada do repasto, o bacalhau à Romeu, a açorda de espargos bravos e a sopa seca. A sopa seca à transmontana, não é uma sobremesa, mas um cozido de carnes e legumes no forno. Uma maravilha da nossa gastronomia. Mais do que suficiente para saciar o apetite.
A Quinta do Romeu tem uma loja à entrada da aldeia onde se pode comprar azeite, compotas e vinho, com a chancela desta quinta. A não perder.
Eu por mim, vou voltar.