Citânia: fonte de conhecimento
Têm vindo a decorrer, neste mês de Julho, escavações arqueológicas na Citânia de Briteiros, no âmbito de uma parceria entre a Sociedade Martins Sarmento e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. O apoio logístico da Casa do Povo de Briteiros tem sido também fundamental para garantir estas campanhas anuais. Possibilita-se, assim, a formação prática dos estudantes de Arqueologia e, por outro lado, continua-se a estudar a Citânia e a desvendar os segredos que ainda guarda.
São estes trabalhos motivados estritamente por fins científicos, permitindo-nos ir recolhendo informações, com a calma necessária, sem as pressões habituais das intervenções feitas em contexto de obra, por exemplo. Apesar das vastas campanhas lideradas por Martins Sarmento, entre 1874 e 1883, e por Mário Cardozo, entre 1930 e 1968, a Citânia mantém vastas porções de terreno inexplorado, bem como contextos nunca registados dentro da área que se explorou nos trabalhos mais antigos.
Exemplo disso é a casa onde atualmente decorrem as escavações, que foi colocada a descoberto por Sarmento e restaurada por Cardozo, mas que conserva, como temos vindo a observar, os alicerces intactos, incluindo elementos de datação nunca revelados. Também aqui se reinterpretou, em 2019, um dos compartimentos, considerado por Sarmento uma eventual oficina, e que concluímos tratar-se de um lagar, com um complexo sistema de prensagem, datável do período romano.
A localização das áreas de trituração e de armazenamento deste lagar são um dos objetivos da presente campanha, assim como da saída da canalização de água que aparentemente abastecia o espaço. Cremos tratar-se de um lagar de azeite, provavelmente dos mais antigos e localizados mais a Norte em Portugal.
Depois das várias sondagens realizadas em contextos domésticos da acrópole, tanto da Idade do Ferro como do período romano, das escavações nos balneários e numa das ruas, os trabalhos nesta "casa do lagar" acrescentam novas informações sobre a evolução do monumento, informando assim os que nos visitam com um conhecimento mais apurado.