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Citânia: fonte de conhecimento

Gonçalo Cruz
Opinião \ terça-feira, julho 20, 2021
© Direitos reservados
A Citânia mantém vastas porções de terreno inexplorado, bem como contextos nunca registados dentro da área que se explorou nos trabalhos mais antigos.

Têm vindo a decorrer, neste mês de Julho, escavações arqueológicas na Citânia de Briteiros, no âmbito de uma parceria entre a Sociedade Martins Sarmento e o Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. O apoio logístico da Casa do Povo de Briteiros tem sido também fundamental para garantir estas campanhas anuais. Possibilita-se, assim, a formação prática dos estudantes de Arqueologia e, por outro lado, continua-se a estudar a Citânia e a desvendar os segredos que ainda guarda.

São estes trabalhos motivados estritamente por fins científicos, permitindo-nos ir recolhendo informações, com a calma necessária, sem as pressões habituais das intervenções feitas em contexto de obra, por exemplo. Apesar das vastas campanhas lideradas por Martins Sarmento, entre 1874 e 1883, e por Mário Cardozo, entre 1930 e 1968, a Citânia mantém vastas porções de terreno inexplorado, bem como contextos nunca registados dentro da área que se explorou nos trabalhos mais antigos.

Exemplo disso é a casa onde atualmente decorrem as escavações, que foi colocada a descoberto por Sarmento e restaurada por Cardozo, mas que conserva, como temos vindo a observar, os alicerces intactos, incluindo elementos de datação nunca revelados. Também aqui se reinterpretou, em 2019, um dos compartimentos, considerado por Sarmento uma eventual oficina, e que concluímos tratar-se de um lagar, com um complexo sistema de prensagem, datável do período romano.

A localização das áreas de trituração e de armazenamento deste lagar são um dos objetivos da presente campanha, assim como da saída da canalização de água que aparentemente abastecia o espaço. Cremos tratar-se de um lagar de azeite, provavelmente dos mais antigos e localizados mais a Norte em Portugal.

Depois das várias sondagens realizadas em contextos domésticos da acrópole, tanto da Idade do Ferro como do período romano, das escavações nos balneários e numa das ruas, os trabalhos nesta "casa do lagar" acrescentam novas informações sobre a evolução do monumento, informando assim os que nos visitam com um conhecimento mais apurado.

 

Estudantes de Arqueologia em formação prática na Citânia de Briteiros

Estudantes de Arqueologia em formação prática na Citânia de Briteiros

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