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Pedro Carvalho
Opinião \ segunda-feira, janeiro 13, 2025
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Precisamos de ser mais assertivos no mercado de janeiro no reforço do plantel, bem como nas vendas, caso estas aconteçam e há perspetivas claras nesse sentido.

Escrevo esta crónica ainda incrédulo com a derrota do Vitória perante O Elvas. Não é aceitável este desfecho, sem querer menosprezar o adversário. Não é aceitável o resultado, mas, pior que isso, o desempenho.  E não se crucifique o Varela, ou apenas este, porque apesar de este ter tido um péssimo desempenho, como vem, infelizmente, sendo cada vez mais habitual – já não é aquele guarda redes que dá vitórias e faz defesas impossíveis, como acontecia no passado –, o certo é que toda a equipa esteve mal, tal como esteve mal a equipa técnica que assistiu impávida e serena ao desenrolar do jogo, demonstrando incapacidade de mudar o seu rumo e o desfecho, que muito cedo começou a ser percetível a todos.

Não eramos os melhor do mundo quando fizemos aquela remontada fantástica contra o Sporting, nem somos agora os piores do mundo, com esta derrota frente ao O Elvas. A realidade é que esta equipa não tem sido regular em termos exibicionais – exceto na Liga Conferência – e o plantel não tem todo a mesma qualidade e ainda existem posições nucleares em que as soluções não abundam. Temos tido bons treinadores que souberam tirar o melhor destes jogadores e que foram cruciais nas duas últimas épocas, como foi o caso do Álvaro Pacheco e do Rui Borges.

Se o primeiro, como aqui já escrevi, assumiu o comando após um falhado início de época com dois treinadores distintos, e foi capaz de devolver alegria, criar laços com jogadores e adeptos e impor um futebol ofensivo que já há algum tempo não se via no reino vitoriano, Rui Borges soube, de forma distinta, consolidar esse trabalho, acrescentando um maior rigor tático e qualidade defensiva, para além de uma melhor e mais assertiva leitura do jogo no decorrer do mesmo. Por muito que estejamos desapontados com o Rui Borges, por ter abandonado o Vitória e pelas suas palavras no final do jogo com o Sporting, que se afiguram incompreensíveis e vitimizadoras, não colhendo o discurso do ódio que tentou atribuir aos adeptos (já ouvi isso antes dito por um nosso dirigente), o certo é que este fez um bom trabalho enquanto aqui esteve.

Os nossos planteis sempre tiveram jogadores de qualidade, apesar de nem sempre de igual valia em todas as posições, sendo, nalgumas dessas posições, exíguas as soluções, até porque as que existiam já em reduzido número foram desbaratadas, como foi o caso do Ricardo Mangas, vendido por um valor ridículo e que ainda não teve um substituto à altura, não tendo o atual plantel qualquer extremo esquerdo de raiz ou adaptado que faça o corredor como se exige, apesar de alguns sinais positivos recentes por parte do Telmo Arcanjo. Continua a faltar um bom avançado centro porque os que entretanto foram contratados, para além de infelizmente terem estado lesionados, não são aqueles matadores que o Vitória carece para lutar por um lugar cimeiro e continuar a almejar prosseguir com a boa campanha na Liga Conferência, onde os próximos adversários já serão de um valor desportivo bem superior aquele que genericamente encontramos até aqui, uma vez que apenas dois dos adversários defrontados teriam, em termos teóricos, um valor desportivo igual ao superior ao nosso. O Gustavo Silva estava a ser uma feliz adaptação até se lesionar e o Dieu Michele entrou bem, mas ainda tem que ganhar experiência e evoluir taticamente.

Precisamos de ser mais assertivos no mercado de janeiro no reforço do plantel, bem como nas vendas, caso estas aconteçam e há perspetivas claras nesse sentido. Precisamos também que Daniel Sousa seja capaz de continuar o que de bom foi feito até aqui pelo Rui Borges e pelo Álvaro, e que inclusivamente melhore, particularmente em termos de definição do último passe e consistência defensiva, que não pode desmoronar nos fatídicos minutos finais.  Daniel Sousa é agora o líder que define a estratégia, que tem que motivar os jogadores e continuar a moldar a identidade da equipa. O Vitória SC é um clube de tradição e paixão, sustentado por adeptos ferrenhos e fervorosos, sem igual em Portugal. O treinador, nesse contexto, não é apenas um estratega e um gestor de jogadores, mas também um símbolo de liderança e ambição. Rui Borges e Álvaro Pacheco conseguiram implementar uma filosofia de jogo que elevou o desempenho da equipa e devolveu aos adeptos o entusiasmo por conquistas. As suas visões táticas, combinadas com uma gestão próxima aos jogadores, permitiu ao Vitória competir de forma digna em cenários desafiadores. Cabe agora a Daniel Sousa não apenas igualar, mas fazer melhor. Assim todos esperamos. Viva o Vitória!

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