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Entusiasmo sobre rodas

Carlos Rui Abreu
Opinião \ sábado, setembro 28, 2024
© Direitos reservados
Porque é que o melhor campeonato do mundo, com os melhores jogadores, não tem grande impacto num país que, está provado, gosta muito de hóquei?

 

 

Tive recentemente a oportunidade profissional de acompanhar o Mundial de Hóquei em patins, nas duas variantes, a masculina e a feminina, em Itália. Sou um confesso admirador das modalidades de pavilhão e entusiasmo-me quando essas modalidades são praticadas pelos melhores dos melhores.

Há quase 30 anos havia tido umas curtas experiências na narração radiofónica de jogos de hóquei em patins mas, em 2024, fui desafiado a acompanhar dois jogos carregados de emoções, incerteza, pavilhões cheios e, acima de tudo, disputados por interpretes de enorme valia. A final da Taça de Portugal, em Barcelos, com o Óquei da casa diante do FC do Porto, e a final da Liga dos Campões, entre Sporting e UD Oliveirense, num Pavilhão Rosa Mota, na Invicta, a rebentar pelas costuras. Esta última foi uma final com uma organização fantástica, com um figurino de espetáculo fora da pista que nada ficou a dever aos grandes eventos desportivos. Voltou a despertar em mim o interesse pela modalidade que, historicamente, é de muito sucesso em Portugal.

Em Novara, uma cidade italiana a cerca de meio caminho entre Milão e Turim, com os Alpes como pano de fundo, a paixão pelo hóquei em patins é enorme e o ambiente criado em torno deste mundial foi fantástico. Nos principais jogos os cerca de 3500 lugares do Pala Igor, o maior pavilhão da cidade, ficavam praticamente preenchido de amantes da modalidade. Adeptos que exultavam com os feitos da seleção da casa mas que, independentemente da seleção que estivesse na pista, se deliciavam com o espetáculo. As reações a cada jogada, a cada defesa, a cada movimento coletivo eram fantásticas. Uma grande propaganda para a modalidade.

Na reflexão que faço nesta crónica baseio-me, essencialmente, no seguinte: as grandes estrelas das melhores seleções em prova jogam no campeonato português que é tido pelos especialistas como o melhor do mundo.

Então, porque é que o melhor campeonato do mundo, com os melhores jogadores, não tem grande impacto num país que, está provado, gosta muito de hóquei?

Pelo que me apercebi falta algo na projeção do hóquei em Portugal que o faça chegar de novo às grandes massas. Os clubes com mais adeptos são dos principais candidatos às vitórias, a modalidade pratica-se de norte a sul do país mas a ideia que fica é que não tem força para ser mais mediática.

Faltará trabalho por parte da Federação Portuguesa de Patinagem para esse impulso? Andarão os principais órgãos de comunicação social, de um país cada vez mais futebolizado, distraídos ou o retorno de audiências e publicitário não é significativo?

Creio que há muita margem para o hóquei em patins voltar a ter no país a preponderância que já teve porque, uma coisa é certa: esta modalidade proporciona momentos fantásticos e é praticada por atletas que, aliando a patinagem ao controlo da pequena bola, demonstram uma destreza e habilidade fora do normal.

Que haja um plano para a reimplantação da modalidade em Portugal.

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