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EURO 2024: Será que tudo o que é de mais é erro?

Carlos Rui Abreu
Opinião \ sábado, julho 06, 2024
© Direitos reservados
Quando se defende a diminuição do número de clubes nas competições domésticas para aumentar a competitividade e o espetáculo não será um contrassenso alargar europeus e mundiais?

De dois em dois anos, quando chega a esta altura do verão, ficamos sempre com a expetativa de podermos assistir a grandes jogos de futebol. São os europeus e os mundiais que nos consomem o tempo que dedicamos a ver televisão ou a conversar com os amigos no café. Este EURO 2024 está a defraudar as expetativas. É voz corrente que a qualidade do futebol apresentado não tem animado os aficionados da modalidade e, excetuando um ou outro caso, a Espanha, por exemplo, as principais seleções têm apresentado ‘poucochinho’ neste certame na Alemanha.

Poderá haver um conjunto de fatores a contribuir para esta pobreza qualitativa sendo certo que há um que não entra neste lote. Muitas das seleções que não se têm apresentado em bom nível têm jogadores de classe mundial que estão a passar à margem da competição. Excesso de jogos durante a época? Excesso de craques em campeonatos de petrodólares menos competitivos? Falta de tempo para treino em contexto de seleção? Serão, por certo, muitas as questões que se podem levantar sobre este tema.

Queria, contudo, debruçar-me sobre algo que me parece umbilicalmente ligado a este tema. O número de seleções que chegam à fase final. Até 1984 apenas quatro seleções se juntavam num só país para disputarem as meias-finais e a final. Nesse Euro de França, onde Portugal participou pela primeira vez, foi a estreia do modelo de dois grupos de quatro seleções, num total de 8. Esse modelo durou até 1996, em Inglaterra, onde houve um alargamento para 16 seleções. Mas recuemos ao modelo de 8. As seleções ‘crónicas’ eram a França, Alemanha, Espanha, Holanda, Inglaterra, Dinamarca e surgia sempre uma ou outra surpresa. Os jogos eram sempre equilibrados com equipas que se defrontavam olhos nos olhos e proporcionavam jogos emocionantes. Em 1996, além dos ‘crónicos’, já apareceu a Escócia, a Suíça, Turquia e as seleções das desmembradas Checoslováquia e Jugoslávia, como Croácia ou República Checa. Este modelo a 16 permaneceu até 2016 e até lá foram participando de forma esporádica seleções como a Eslovénia e a Noruega (2000), Grécia e Letónia (2004), Áustria e Polónia (2008) e a Ucrânia em 2012, como país co-organizador. 

O alargamento para 16, em 2016, permitiu a entrada de seleções de segunda linha como a Albânia, País de Gales, Eslováquia, Irlanda do Norte, Islândia e Hungria, em 2020, entraram a Finlândia e a Macedónia do Norte e, este ano, a Geórgia, Sérvia, Eslovénia e o regresso da Albânia.

Será que este modelo alargado beneficia a qualidade do jogo quando temos seleções que se limitam a defender, com jogadores de terceira ou quarta linha do futebol europeu? Quando se defende a diminuição do número de clubes nas competições domésticas para aumentar a competitividade e o espetáculo não será um contrassenso alargar europeus e mundiais? Uma montra como esta deveria ter sempre jogos entre os melhores para promover o espetáculo e não alargar com interesses comerciais.

Acho que é uma matéria que merecia uma reflexão profunda. Este EURO tem sido um tédio!

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