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Hoje é sobre mim e sobre todos

Carlos Rui Abreu
Opinião \ sábado, março 16, 2024
© Direitos reservados
Por muito que as redes sociais possam causar a ilusão de que estamos informados só porque “vimos na net”, muito do que lemos nessas plataformas não tem mediação, não tem por base a regulação.

O jornalista deve evitar sempre ser a notícia. Contudo, no passado dia 14, fomos notícia pelo dia de greve geral que a classe cumpriu. Uma greve aprovada por unanimidade no recente V Congresso dos Jornalistas e que pretendeu ser um aviso sério à sociedade.

Não é fácil falarmos da importância da profissão que escolhemos desempenhar porque, a bem da verdade, todas são importantes. No caso dos jornalistas a palavra certa é mesmo ‘escolher’ a profissão porque não conheço nenhum que esteja nesta atividade por obrigação ou porque é nesta área de atividade que vai enriquecer.

É-se jornalista por paixão e por missão mas, apesar disso, não de pode ser jornalista e andar na ´mendicidade’, de mão estendida à mercê da benemerência deste ou daquele. Esta é uma profissão essencial à vida em sociedade, com valores democráticos, de justiça para todos, de igualdade, sem corrupção, sem classes privilegiadas. Uma sociedade só é verdadeiramente forte e desenvolvida se estiver informada e esse papel cabe aos jornalistas.

Por muito que as redes sociais possam causar a ilusão de que estamos informados só porque “vimos na net”, muito do que lemos nessas plataformas não tem mediação, não são textos escritos tendo por base a regulação a que os jornalistas e os órgãos de comunicação social estão sujeitos. Quem navega na internet está exposto a um chorrilho de notícias falsas, a textos escritos apenas com o intuito de provocar a curiosidade, de levar o leitor para um determinado caminho.

Os dias que correm estão perigosos por isso mesmo. É preciso uma reflexão séria sobre o futuro do jornalismo. A sociedade tem de perceber que tem de pagar pela informação porque quem a produz tem família para sustentar. De cada vez que se partilha um jornal pelo whatsapp ou pelo telegram é uma machadada que se dá no negócio da comunicação social e um emprego que fica em risco. Não é com ordenados maioritariamente abaixo dos mil euros líquidos que os jornalistas mantêm a independência em relação aos poderes, seja eles políticos e económicos.

Também esses poderes têm a responsabilidade de olhar para este tema de forma séria porque, na verdade, também sinto que esta precariedade no setor é útil para alguns políticos e empresários se sentirem mais à vontade no condicionamento daquilo que vai sendo dito e escrito.

Paremos todos para refletir sobre que caminho queremos para a comunicação social em Portugal mas façamo-lo livres de sectarismos ideológicos e com a paz de espírito necessária para perceber que, desta forma, os valores da democracia estão em causa.

Por um jornalismo livre e independente, SEMPRE!

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