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O dilema da estabilidade

Carlos Rui Abreu
Desporto \ sábado, maio 11, 2024
© Direitos reservados
Se Álvaro Pacheco sair nunca o ficaremos a saber, mas teremos a certeza de que quem vier terá um fardo pesado para carregar. No futebol, como em qualquer projeto sustentado, paciência é palavra-chave.

Estabilidade é um conceito que raras vezes é praticado no futebol. Exceção feita a alguns casos, uns mais mediáticos que outros, como Alex Fergunson no Manchester United, Arséne Wenger no Arsenal ou o mítico Augusto Mata, que parecia eterno no FC Infesta, a tendência é para fazer do treinador alguém facilmente descartável. A classe dirigente tem pouca paciência para projetos sustentados a médio/longo prazo e a urgência de resultados imediatos vai ditando as suas leis.

Na I Liga Portuguesa, a realidade que melhor conheço, não há muitos exemplos de perenidade no cargo e, tirando atualmente os casos excecionais de Sérgio Conceição no FC Porto e de Paulo Sérgio, no Portimonense, o rodízio de treinadores é a moda desta amostra.

Contudo, quando os projetos têm um fio condutor, e a estratégia é pensada tendo em linha de conta um objetivo bem definido, a escolha dos protagonistas é essencial. Veja-se o exemplo da paciência do Sporting. Rúben Amorim teve a seu favor o crédito de ter ganho a Liga logo no primeiro ano e, esse efeito surpresa, a juntar-se à empatia que criou com os adeptos, e até com a imprensa, fez com que lhe fossem perdoados os falhanços das duas épocas seguintes. Recorde-se que Amorim chegou a ver lenços brancos em Alvalade, chegou a ser contestado, teve casos pouco abonatórios, como é exemplo o caso Slimani. Mas a administração de Frederico Varandas sabia o que queria, que rumo tinha traçado e não vacilou. Manteve Amorim, deu-lhe os reforços cirúrgicos que pretendia e voltou a ganhar. Será que a Schmidt acontecerá o mesmo? Terá a administração de Rui Costa a mesma paciência?

Será que para o Vitória de Guimarães não seria estruturante manter ao leme um treinador que, de facto, parece estar no lugar certo? Não seria de arriscar manter o ‘homem da boina’ e, dando-lhe alguns reforços cirúrgicos, tentar que o clube se mantenha no nível que a sua dimensão humana justifica? Se Álvaro Pacheco sair nunca o ficaremos a saber, mas teremos a certeza de que quem vier terá um fardo pesado para carregar.

No futebol, como em qualquer projeto que se queira sustentado, a paciência é a palavra-chave. Haja paciência.

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