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O discurso redondo termina sempre no mesmo sítio

Carlos Rui Abreu
Opinião \ sábado, novembro 25, 2023
© Direitos reservados
No futebol nacional, marcado por rivalidades intestinas desde sempre, surgem amiúde alguns novos rostos que prometem ser a lufada de ar fresco que o dirigismo necessita.

Diz a geometria que se percorrermos um círculo completo vamos terminar no sítio onde começamos. Não há mesmo volta a dar.

No futebol nacional, marcado por rivalidades intestinas desde sempre, surgem amiúde alguns novos rostos que prometem ser a lufada de ar fresco que o dirigismo necessita. Discursos bonitos, a fazer lembrar as retóricas das candidatas a miss mundo, capazes de, sozinhos, mudarem o estado do mundo. Neste caso, o mundo da bola.

Contudo, rapidamente essas intenções passam a ser só isso mesmo. Meras intenções.

Os dirigentes dos principais clubes de futebol em Portugal não são capazes de perder a oportunidade para dar uma ferroada no vizinho do lado. Quando estão na mó de cima achincalham os rivais que têm por baixo e, quando lhes toca a fava de não estarem tão bem, procuram sempre más práticas nos outros para relativizarem a sua própria falta de sucesso.

Tem sido assim sempre e, por muito que custe aos adeptos dos principais clubes portugueses, tão cedo não deixará de ser. Podem os adeptos exercitarem grandes ginásticas mentais à procura da justificação para emoldurarem os discursos dos ‘seus’ presidentes mas é inevitável que, mais cedo do que tarde, o pé lhes fuja sempre para o chinelo. Parece que as palavras que debitam só têm força junto das suas moles de adeptos se nelas estiver, de forma mais ou menos direta, uma referência aos rivais.

Alguns na hora do sucesso ainda conseguem, aqui e ali, ir disfarçando essa tendência mas é na hora dos insucessos que nos apercebemos que, afinal, são todos iguais. E podem até discordar desta generalização mas, acreditem, todos usam os mesmos métodos. Uns têm o dom da oratória e não precisam de ler, outros escrevem (ou escrevem-lhes) tudo direitinho, uns têm um sotaque mais a norte e outros a sul mas, bem lá no fundo da essência do que querem transmitir, as semelhanças são mais do que muitas.

E enquanto estes tipos de atitudes se mantiverem enraizadas no futebol nacional o clima de pacificação nunca se sobreporá a estes ‘mísseis verbais’ que vão sendo disparados de Norte para Sul e no sentido inverso.

É que este discurso redondo, por muito que o caminho seja mais ou menos sinuoso, acaba sempre no mesmo sítio e esse sítio não é recomendável num desporto onde o fair-play e a são convivência entre todos devia reinar.

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