O jogo político e a falta de moderação do eleitorado jovem
Sendo o poder político a posição mais sujeita ao escrutínio, e por isso mais suscetível a sofrer a cobrança desse jogo, e estando assumido o afastamento das novas gerações às forças políticas mais moderadas, é importante que se compreenda que esta juventude foi entregue, pelo desenvolvimento que se permitiu à sociedade, a uma cultura fatal de imediatismo, de fast-food, wokismo, de comunicação via like em qualquer rede social, do facilitismo de poder fazer quase tudo a partir de um telemóvel sem precisar sequer de se levantar do sofá, de ver validados e normalizados determinados programas de televisão – espalhafatos que contam com mais audiência do que qualquer debate político ou alternativa que exija o mínimo do intelecto.
Simplesmente não é possível pedir a estes jovens que aceitem pacientemente o cinismo do jogo político. Está mais do que visto que o que os atrai é a instantaneidade porque foram a tal habituados, por todos nós; e vão ter, caros políticos, de se adaptarem a essa forma de comunicar se quiserem a atenção deles – é o segredo e o futuro.
Reparem nos resultados que os partidos do imediatismo (apenas existentes pela impossibilidade de responsabilização do que prometem pela ausência de poder para fazer cumprir) conseguem junto deste público revoltado com os vossos meios. Rivalizam com os tais programas de televisão enquanto participam nas redes sociais com esse conteúdo básico, fácil de assimilar, agressivo e oco, mas é exatamente isso que lhes é pedido. E eles já perceberam o ponto – essa vulnerabilidade da sociedade em condições de ser explorada. Esse gatilho pronto a provocar os jovens para tumultos que façam tremer o sistema que tentam desestabilizar. Tornou-se desinteressante a moderação. Defender opiniões controversas a berrar do alto da (falsa) superioridade moral garante muito mais vantagens à propagação da imagem.
Por isso cedam como quem percebe que o extremismo conduz ao mediatismo necessário para a visibilidade sem critério, alimentando assim a sociedade insuportável que estamos a construir.
Ou incentivem à moderação com o exemplo do comportamento. A um coletivo passo atrás para mostrar que o caminho deve ser outro. Que o perigo da preguiça está à espreita – a maior inutilidade do que menos faz é menos querer fazer – mas não há atalhos. Que o que fazemos tem consequências e a vontade que têm de ver o mundo a arder pode ser controlada.