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V Sports

Pedro Carvalho
Opinião \ segunda-feira, abril 03, 2023
© Direitos reservados
Precisamos de saber se há algum risco, direto ou indireto, para a detenção pelo Vitória da maioria do capital social ou se a SAD perde autonomia e independência com a entrada do novo acionista.

V Sports SCS já é acionista do Vitória Sport Club SAD, ou pelo menos já procedeu ao pagamento do valor acordado pela venda de 46% das ações. Ainda não foi confirmado publicamente a concretização da venda, mas já era sabido, desde a semana passada, o referido pagamento.  Aliás esse pagamento já era conhecido antes mesmo da apresentação, no passado dia 31 de Março, da auditoria realizada ao mandato anterior da Direção, apresentação essa que não foi uma sessão de esclarecimento como anunciado, mas uma mera e risível divulgação de algumas conclusões sem contexto e sem direito a perguntas dos sócios, visando meros propósitos panfletários, que merecerá um meu comentário futuro.

Não é o anúncio público da venda que releva, o qual será feito quando a Direção entender dever fazer, nem a venda das ações em si, que já foi aprovado pelos sócios na assembleia geral extraordinária realizada em 3 de Março, pelo que nenhum obstáculo se oferecia à mesma, mas sim os termos e condições em que a mesma tem lugar, uma vez que estes nunca foram revelados, e estes é que determinarão o futuro do Vitória Sport Clube (e não apenas da SAD).

Se bem se recordarão todos os sócios, a Direção, desde o anúncio público da intenção de vender 46% das ações à V Sports, que teve lugar a 14 de Março, apenas promoveu a discussão pública e prestou esclarecimentos sobre uma “linha de financiamento” e respetivas garantias a prestar a uma empresa do grupo da V Sports - “linha de financiamento” essa que foi abandonada na AGE -,  sem ter, em momento algum, dado esclarecimentos sobre os termos e condições em que a “parceria” teria lugar com o futuro acionista. E isso é o que facto releva, porque se a maioria dos sócios – onde eu me incluo – não tiveram dúvidas sobre a idoneidade e mais valia potencial do parceiro, razão pela qual aprovaram a venda, seguramente todos pretendem saber em que condições ocorre esta entrada da V. Sports SCS no capital da SAD. Aliás, essas condições e termos, deveriam ter sido reveladas antes da votação da venda das ações à V Sports, o que não foi feito, tendo os sócios sido forçados a passar um cheque em branco à Direção.

Precisamos de saber se há algum risco, direto ou indireto, para a detenção pelo Vitória Sport Club da maioria do capital social da SAD ou se de alguma forma a SAD perde autonomia e independência com a entrada do novo acionista. Precisamos de saber se a V Sports vai ser um parceiro estratégico ou apenas um mero parceiro financiador.

A V Sports pode e deve ser um parceiro estratégico que acelere o futuro, face ao atraso verificado para os nossos diretos competidores nas primeiras duas décadas do Séc. XXI. Distanciamo-nos cada vez mais do Porto, Benfica e Sporting, e particularmente do Braga, que logrou, aproximar-se daqueles três clubes, e que se distanciou de nós, com uma política de investimento e desportiva agressiva, sustentada na prospeção e na formação.

A V Sports aporta conhecimento e deve aportar investimento, particularmente em recursos, infraestruturas e tecnologia para elevar a nossa academia para um nível de referência europeu, com impacto direto na qualidade da formação, que deve continuar a ser a nossa aposta presente e futura.  

A V Sports traz também maior capacidade de valorização e expansão internacional e pode, como já aqui escrevi, acelerar o plano estratégico que estava em curso e no qual esta Direção deve apostar e impulsionar. 

A V Sports pode e deve contribuir para o reforço do nível competitivo das nossas equipas em todos os escalões, com esforço financeiro partilhado e com expansão geográfica da base de prospeção, devendo ser prioritário o desenvolvimento de atletas, mantendo o Vitória a titularidade dos respetivos direitos desportivos e económicos, partilhando eventualmente mais valias.

Agora a questão é se a V Sports o vai fazer e em que termos. Mas sejam quais forem os termos tem que ficar sempre salvaguardado que a liderar os destinos da SAD e da respetiva gestão deverá estar sempre o Vitória Sport Clube e os respetivos interesses, que nunca poderão ser secundarizados, nem poderá ser perdida a autonomia e independência. A V Sports é e será sempre, apesar de tudo, um acionista, que o poderá deixar de ser em qualquer altura, esperando eu que respetiva saída esteja já devidamente salvaguardada. Como já o referi na última AGE, na contratualização desta venda de parte da nossa sociedade desportiva, devia o Vitória Sport Club “partir como inimigo, para acabar como amigo”, sendo sempre salvaguardados os nossos direitos e interesses.  Espero que António Miguel Cardoso o tenha feito.    

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