Os apoios desportivos
Participei recentemente num debate travado sobre os apoios desportivos municipais, que nunca chegam, sobre os seus montantes, se devem ou não subsidiar todos os clubes do concelho, são quase 100 clubes em 48 freguesias/uniões, se deve haver ou não escolhas municipais estratégicas para esta ou aquela modalidade, se deve ser privilegiado o desporto feminino, ou o desporto sénior, ou os clubes de pequenas comunidades mais isoladas ou os clubes históricos, se os clubes – negócio, suporte de SAD’s, que não formam para a prática desportiva mas para elevar o talento competitivo, devem ou não incluir os apoios desportivos municipais, e em que grau.
Só pelo elenco das diferentes opções se vê que o tema é apaixonante, muito alargado, e pode, se aprofundado, ser polémico.
Mas a política é isto, ter opções, definir um caminho, acreditar nele e prosseguir na sua execução. Quando não há opções claras, coragem em defendê-las, todos se consideram injustiçados porque não compreendem os critérios.
O município de Guimarães, desde há vários anos, que tem regulamentos, critérios, para os apoios desportivos. Sei que o montante global é dos mais elevados da região. Até porque abrange todos os clubes, que apresentam candidaturas, o que não é comum. Em outros municípios há associações desportivas que nunca recebem apoios anuais, quando muito extraordinários.
Os critérios dessa distribuição não são um dogma e devem ser analisados.
O Vitória é o clube que mais recebe anualmente do município. Seguem-se com o mesmo montante um segundo grupo formado pelo Moreirense, Xico Andebol, Guimagym.
A mais significativa fatia dos dinheiros municipais destinados ao desporto, destina-se, porém, ao contrato – programa celebrado com a “Tempo Livre” para a promoção do Desporto – cultura física e não Desporto – competição. Conhecer, por exemplo, as aulas de hidroginástica para seniores em diferentes piscinas, com grupos de quase todas as freguesias, é algo que só pode merecer a classificação de prioridade. Uma verdadeira política pública de desporto.
Se o desporto – cultura física deve ser mais apoiada que o desporto – competição, terá lógica que as formações do Vitória e do Moreirense, onde a excelência competitiva é fator de admissão e permanência, estejam no 1º e 2º lugar dos apoios municipais?
A meu ver, não. Porque o mais importante não é a formação selecionada, mas a formação generalizada. Também é discutível que seja a formação na adolescência mais importante que a cultura física nos segundos ou terceiros ciclos de vida. Finalmente, o apoio prioritário ao desporto feminino seria um contributo significativo para a igualdade de género. Tudo reflexões para ajudar ao debate dos apoios desportivos municipais.