skipToMain
ASSINAR
LOJA ONLINE
SIGA-NOS
Guimarães
04 setembro 2025
tempo
18˚C
Nuvens dispersas
Min: 17
Max: 19
20,376 km/h

Principal defeito? Ser perfeccionista.

Francisco Brito
Opinião \ terça-feira, setembro 02, 2025
© Direitos reservados
É um cliché que mistura virtude e defeito e que se aplica bem a Guimarães.

É uma frase que se ouve amiúde aqui e acolá, um cliché que mistura virtude e defeito e que se aplica bem a Guimarães.

Numa altura em que se aproximam as eleições autárquicas seria interessante ouvir o que realmente pensam sobre o futuro de Guimarães aqueles que nos visitam e que conhecem o território e as suas gentes. Como é natural, sempre que alguém é convidado a visitar a nossa terra a tendência é para destacar aquilo que por aqui se faz de positivo. Mas talvez fosse importante convidar pessoas de fora para assinalar aquilo que falha e onde erramos. Ou então divulgar as falhas que nos são apontadas para que um verdadeiro debate público possa ter lugar. O nosso principal defeito não estará seguramente naquilo que fazemos bem e muito menos onde somos dos melhores.

Em 1877, Camilo Castelo Branco, de passagem por Guimarães, escrevia: “procurei nas ruas e praças de Guimarães a estatua do fundador da monarquia. A cidade opulenta, que tem ouro em barda, e abriu dois Bancos, (…) não teve até hoje um pedaço de granito que pusesse com feitio de rei sobre um pedestal. Se eu fosse rico, ou sequer pedreiro, que fazia o monumento d’Afonso era eu. Assim (…) apenas posso aqui levantar um perpétuo padrão ao vencedor de Ourique – ao real filho da mãe ingrata”.

Cinco anos depois, em 1882, um vimaranense residente no Brasil numa carta escrita à Câmara de Guimarães afirmava ter juntado gente e capital suficiente para que o indispensável monumento pudesse ser erigido. E em 1887, com a presença de D. Luís I, a estátua que hoje todos conhecemos foi finalmente inaugurada.

Aqui em Guimarães há uma espécie de regra não escrita de não se dizer mal da terra, sob pena de excomunhão cívica. Isto porque muitos acreditam que quem o faz não só prejudica a cidade, mas também é movido por interesses obscuros. A reacção a denúncias bem fundamentadas sobre situações e projectos prejudiciais ao ambiente (descargas de pedreiras nos rios, instalação de empresas em sítios inapropriados, etc.), a críticas sobre o trânsito, sobre o comércio, sobre a cultura ou mesmo a recente fátua lançada nas redes sociais contra Carolina Deslandes, são disso bons exemplos. E esta intolerância disfarçada de bairrismo em nada nos engrandece.

Podcast Jornal de Guimarães
Episódio mais recente: Guimarães em Debate #124